"Dificilmente se explica a organização territorial do concelho da Figueira da Foz.
Porque não existe.
O mais elementar respeito pelos valores naturais e paisagísticos continua tantas vezes ausente das decisões de quem autoriza.
O planeamento do território é ainda essencial para a mitigação e combate às alterações climáticas. Redução da necessidade das deslocações de automóvel e optimização do transporte de mercadorias, por exemplo.
Vem este intróito a propósito da abertura de novos processos de localização de zonas industriais no concelho.
Criação de duas novas, Vale de Murta, Pinhal da Gândara e ainda uma pequena expansão da atual zona industrial na Gala.
Como se diz em inglês, as duas primeiras zonas são um “greenfi eld”: arrasa-se tudo que lá esteja, árvores, arbustos, animais, culturas agrícolas, nivelando o “vale” (o que custará milhões) tanto quanto possível e criando infraestruturas (arruamentos, iluminação pública, esgotos, águas...).
E aqui surgem várias questões: e porque não expandir a actual zona industrial da Gala, já um “brownfi eld”, concentrando aí a indústria? Ou é necessário deslocalizar a indústria daí para o Vale de Murta ficando mais perto do Porto Comercial? Quais os custos? São conhecidos? Foram feitos estudos dos benefícios (menos quilómetros de transporte) pegada de carbono e das externalidades?
Não sabemos.
No mesmo sentido a afectação do Pinhal da Gândara, o que se pretende? Quantos pedidos de localização industrial? São indústrias poluentes e devem ficar afastadas das pessoas?"
Indústria no vale e no pinhal, uma crónica de João Vaz, publicada na edição de ontem do jornal AS BEIRAS.
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