Quarenta e quatros anos depois do 25 de Abril, em Portugal vivemos em liberdade.
Mas, com medo.
"Não tem sido por falta de maiorias que o País chegou a este estado. Mas sim por falta de seriedade e por desrespeito pelas minorias."
Medo da austeridade.
Medo de não ter trabalho.
Medo de falar.
Medo de ficar sem o lugar do ganha pão (há mais quinhentos na fila, dispostos a trabalharem cada vez por menor salário).
Medo de não ter acesso à saúde e à farmácia.
Medo de se ter que trabalhar (os que puderem) até morrer.
Medo de ficar sem reforma.
Medo por não haver esperança para os nossos filhos.
Medo da opinião opressiva e única.
Medo da ausência de alternativa política.
Medo desta construção política da Europa.
Medo de um futuro similar a um passado, que se pensava ter acabado com o 25 de Abril de 1974.
Medo de uma liberdade que é cada vez mais formal
Medo da liberdade de se dizer que se tem fome.
Medo da liberdade de se dizer que se perdeu a casa.
Medo desta liberdade.
Medo de um ordenado mínimo inferior ao do tempo do marcelismo.
Continuo a festejar o 25 de Abril de 1974 que, para mim, não é o de 2018.
A liberdade que existe é a liberdade do medinho e, novamente, do respeitinho.
Quarenta e quatro anos depois do 25 de Abril de 1974, alternativas precisam-se.
Para isso, tal como houve coragem no Largo do Carmo, em Abril de 1974, coragem precisa-se para continuar a afirmar que os "democratas" de 2018, tal como o "rei", antes de Abril de 1974, vão nus.
Coragem precisa-se para dar corpo e voz a essa coragem.
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