"A arte de Gil Vicente sempre me atraiu. Shakespeare, Miguel Torga e Vicente Sanches pertencem ao pequeno grupo de autores que representei integrado no grupo de apaixonados pela arte. Eramos amadores, no Kiwanis Clube da Figueira da Foz. Fui médico, pescador e dono de uma agência funerária. A recente questão nascida dos 0,2 por cento do PIB atribuído à cultura pelo Governo deixou-me perplexo. Afinal continua tudo quase na mesma. O Governo de esquerda pouco difere, neste campo, dos de direita ou centro.
Ouço que vão ser atribuídos mais milhões. Não deixo de pensar nos 5,2 por cento do PIB atribuídos ao Serviço Nacional de Saúde, também, segundo os profissionais do ramo, insuficiente. E, depois, comparo com os milhares de milhões para cobrirem as imparidades dos bancos, resultantes de empréstimos concedidos aos de sempre.
Depois das autoestradas, de cimentos e mais cimento, ainda teremos alguma muralha de Adriano? Estamos a separar quem e o quê? E a aproximar quem e o quê? Não sei como oferecer os maus préstimos: como agente funerário ou “médico”?"
António Augusto Menano, no jornal AS BEIRAS: "Falo de teatro, saúde e imparidades".
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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