sábado, 7 de janeiro de 2017

Surfar à noite no Cabedelo? Dizem que vai ser possível...

Recuemos ao ano de 1996. No Cabedelo decorria o primeiro evento do World Championsip Tour a disputar-se no nosso país, o Coca Cola Figueira, 12ª etapa dessa época, disputada entre 1 e 8 de outubro. 
Um dos momentos mais marcantes na história do surf nacional estava agendado para as ondas do Cabedelo, na Figueira da Foz. 
Kelly Slater já somava na altura três títulos mundiais, e chegava a Portugal com o «tetra» na mira - que igualaria o recorde do australiano Mark Richards.
Na luta pelo título dessa época estava também Shane Beschen e a matemática para a etapa portuguesa era simples: para Kelly bastava que Shane não conseguisse chegar à final e sagrar-se-ia campeão do mundo. O seu rival na altura acabou por facilitar a tarefa, ao não comparecer na etapa portuguesa. Slater era, antes sequer de competir, campeão do mundo pela quarta vez.
João Ataíde (presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz),
Eurico Gonçalves (SOS Cabedelo) e Pedro Machado (Turismo do Centro)

Pois é neste local mítico, para quem gosta de desportos com ondas, que a Câmara da Figueira da Foz, em janeiro de 2017,  afirma que vai avançar com um projecto de requalificação da praia do Cabedelo, que inclui a iluminação permanente do mar, criando condições para a prática nocturna de surf.
A iluminação permanente do mar junto à praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, é um projecto pioneiro a nível europeu, que a autarquia local quer concretizar no âmbito dos investimentos previstos para se iniciarem em 2017, naquela zona a sul do rio Mondego e que merece o apoio, quer da comunidade surfista (que o promoveu), quer do presidente da entidade regional de Turismo do Centro.
“É nosso objectivo que este local seja uma estância para a prática dos desportos de ondas”, refere o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, avançando que a empreitada de requalificação vai decorrer ao abrigo do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Sustentável (PEDUS), contratualizado no âmbito do Pacto Regional.
A iluminação do mar, nesta praia da margem sul do concelho da Figueira da Foz, é uma aspiração antiga do movimento cívico SOS Cabedelo, que apresentou uma candidatura nesse sentido ao Orçamento Participativo (OP) de 2017.
O projecto acabou por não conseguir os votos suficientes para ser contemplado com uma fatia do OP, apesar de ter recebido o apoio incondicional da comunidade de surfistas do concelho, mas mereceu o reconhecimento do executivo municipal, que decidiu incluí-lo na empreitada mais alargada de requalificação do Cabedelo.
“Por solicitação do SOS Cabedelo serão enquadrados neste projecto os equipamentos de iluminação necessários à prática do surf nocturno”, esclarece João Ataíde.
A decisão da autarquia já foi saudada por João Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf, que destaca “o carácter pioneiro da iluminação do Cabedelo no contexto nacional”.
Segundo fonte da autarquia figueirense, a empreitada arrancará “o mais cedo possível”, surgindo como um claro sinal de apoio à comunidade surfista e aos desportos de mar.
“Para o grupo de cidadãos e praticantes que abraçou esta ideia, foi uma enorme alegria e motivo de orgulho saber do compromisso da autarquia em avançar com a iluminação do Cabedelo para a prática do surf durante o período nocturno”, reconhece o escritor e surfista Gonçalo Cadilhe.
Primeiro subscritor da candidatura do SOS Cabedelo ao Orçamento Participativo de 2017, Gonçalo Cadilhe destaca que “são poucas as praias do planeta onde tal já é possível”, acrescentando que “a Figueira marcará pontos a nível de notoriedade com esta decisão”.

2 comentários:

V.Borges disse...

Aguarde-se.

Anónimo disse...

Esses futuros 'holofotes' só servirão para descentrar as atenções daquilo que o local realmente necessita.
Esse plano de iluminação seria apenas um detalhe de uma intervenção mais profunda, projeto sério, que toda aquela zona necessita. Infelizmente não temos à frente da autarquia quem realmente se preocupe com o quer que seja, dispensando sempre algo que envolva demasiado trabalho. É sempre mais fácil maquilhar as aparências do que investir numa restruturação de fundo.

Ainda que estes holofotes possam vir a ser instalados durante o corrente ano, veremos quantas vezes estes vão estar ligados e se realmente vão servir o propósito. Numa praia que nem dispõem de WC públicos... enfim. É como começar a casa pelo telhado, mas as telhas vão ficar à espera que se faça o resto da casa.