quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O SEXO QUE MATA



O maior génio musical e poético da Música Popular da segunda metade do século XX, na opinião de Alfredo Pinheiro Marques, é uma mulher.
A cantora compositora e instrumentista canadiana Joni Mitchell (Roberta Joan Anderson), em 1995 — após vinte e cinco anos sem querer aparecer em qualquer televisão… —, aceitou apresentar uma canção ("Sex Kills") e ser entrevistada na NBC em Los Angeles (no programa "The Tonight Show, with Jay Leno").
Fica, por gentileza do seu responsável máximo, um excerto conservado e transcrito na videoteca do ABCD-Arquivo Biblioteca e Centro de Documentação do CEMAR(Centro de Estudos do Mar), Figueira da Foz, Portugal.

Joni Mitchell, “Sex Kills”, in Turbulent Indigo, 1994 (trad. port. Alfredo Pinheiro Marques, 2012)

Parei atrás de um Cadillac
Esperando a luz verde do semáforo
Olhei a placa da matrícula
Dizia "Just Ice" (Só Gelo).
É a Justiça só gelo?
Governada pela ganância e a cobiça?
Somente quem é forte fazendo o que quer
E quem é fraco sofrendo o que deve?
E as fugas de gás
E os derrames de petróleo
E o sexo que vende tudo.
O sexo que mata.
Sexo mata…!

As pílulas dos doutores dão-te novas doenças
E as contas submergem-te numa avalancha.
Os advogados já não eram tão requisitados
Desde que Robespierre chacinou metade de França.
E os chefes índios, com suas velhas crenças, sabiam
Que o equilíbrio está desfeito, com estes ions loucos.
Sente-se no trânsito automóvel
Toda a gente odeia toda a gente!
E as fugas de gás
E os derrames de petróleo
E o sexo que vende tudo.
O sexo que mata.
Sexo mata…!

Todas essas masturbações nos escritórios
O violador na piscina.
E as tragédias nos jardins de infância
Crianças pequenas levando armas para a escola.
O ozono ferido
Estes cancros da pele
O sol hostil agredindo
Este caos massivo em que estamos!
E as fugas de gás
E os derrames de petróleo
E o sexo que vende tudo.
O sexo que mata.

Sexo mata…!

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