domingo, 22 de janeiro de 2017

Pedro Rodrigues, um man que escreve bem para caraças...

Puto: e eu só tenho de ficar feliz com isso. E estou.
Vives numa época privilegiada: nasceste e cresceste em Liberdade.
Como recordo os meus vinte e tal anos e o mundo que então se abriu para mim e as marcas que ficaram para sempre agarradas à minha pela, gravadas a fogo, pelo 25 de Abril de 1974.
Muito menos esquecerei as pessoas excepcionais com as quais vivi esse sonho sem paralelo que foi ganhar a consciência de viver num Portugal Livre.
A partir daí, a porta abriu-se e a consciência de Homem Livre fez-me ver o valor de preservar a capacidade de não me deixar esquecer disso ou ter medo.
A Liberdade tem de ser cuidada. E quem ama a Liberdade cuida dela, para que nunca se cumpra o receio de Jorge de Sena que, um dia, expressou em verso: "Liberdade, Liberdade, tem cuidado que te matam".
Em nome do futuro - teu e de quem gosta de ter ler - não te acomodes. Escreve.
E continua a prepara-te para dar voz à tua geração. É um enorme desafio... Como muito bem sabes, existem muitos gritos mudos.
No dia 11 do próximo mês, pelas 16 horas, a não ser que aconteça alguma impossibilidade absoluta, lá estarei no Casino da Figueira. Espero que muitos covagalenses e figueirenses façam o mesmo: este man merece.
Deixo-vos, para ser lido, um pequeno texto de Pedro Rodrigues que respiguei do seu blogue.

Ela [2017]
Disse-lhe: “as melhores pessoas são as que falam sem filtros, as que dizem o que pensam, as que gritam as tripas para fora”. São as espontâneas, porque a mentira necessita de tempo. São as que estão partidas por dentro, mas não esperam que alguém as repare. São os relógios que não dão a hora certa - porque não há hora certa para amar; não há hora certa para ser feliz; não há hora certa para fugir, ou chegar. As melhores pessoas são essas: as que não necessitam de reparação, de acertos, de filtros na garganta. São as que não se demoram em explicações ou histórias. São as que não nos pedem para apagar ou esquecer o passado, mas que nos ensinam a aceitá-lo, como parte das nossas fundações. São as que não nos exigem um futuro, por saberem que o depois tem muitas portas - e todos devemos ter o direito de escolher qual queremos abrir. São as que percebem que nem sempre o horizonte é uma linha recta. E que no infinito todas as linhas acabam por se encontrar. São as que se perdem nos nossos olhos, como se contassem constelações e pudessem inventar galáxias. São as que brilham nessas noites longas, que por vezes parecem não terminar. São essas as pessoas que me fascinam. Ela era uma dessas pessoas.

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