"Quem haveria de dizer que um dia veríamos Manuela Ferreira Leite e Francisco Louçã ou Bagão Félix e Manuel Carvalho da Silva unidos na defesa de uma mesma causa. Cavaco Silva anda há tanto tempo a pedir um consenso alargado que deve estar radiante. Caramba, não é o seu consenso, mas mais alargado do que isto é impossível. São 70 personalidades, da esquerda à direita, desde sindicalistas a representantes das confederações patronais, que se uniram para romper o espectáculo degradante proporcionado pela maioria de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas e por aquela espécie de oposição de António José Seguro, que nos andam a entreter com uma escolha afunilada entre saídas limpas e planos cautelares, como se fossem soluções minimamente viáveis para o país e como se fossem as únicas. Estas 70 personalidades defendem que não. Alguns, os mais à esquerda, sempre o defenderam. A realidade encarregou-se de convencer os restantes de que a “reestruturação responsável da dívida”, é uma condição sem a qual, dizem, continuará a imperar a política da austeridade pela austeridade que tornará impossível o crescimento e o emprego. Este consenso diz-nos que continuar a ceder incondicionalmente às exigências externas é uma irresponsabilidade que compromete decisivamente o futuro do país."
Para continuar a ler clicar aqui.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário