A figura da semana:
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“Anda tudo para aí muito satisfeito com o facto de a União
Europeia ir finalmente concentrar no BCE os mecanismos de fiscalização
bancária, algo que há muito já deveria ter sido feito, dizem.
De facto, deveria; mas não foi, e não é por acaso que não
foi; e agora é, e não é por as instituições e os deputados europeus terem
finalmente feito o que já deveriam ter feito.
O que acontece é que a crise financeira vai chegar agora aos
grandes bancos europeus.
A crise financeira (que não tem nada a ver com a crise das
dívidas soberanas, que é a consequência directa do Tratado de Lisboa) resulta de
o enriquecimento bancário se ter feito através de processos especulativos que
estoiraram quando as pessoas, por efeito desses mesmos processos que aumentaram
a desigualdade, começaram a empobrecer - a especulação alimenta-se do
enriquecimento das vítimas, se estas empobrecem, morre. Os bancos pequenos não
tinham como fugir às consequências da crise e estoiraram; mas os bancos grandes
estão exactamente na mesma situação, ou pior, porque a sua capacidade
especulativa é muito maior.
Eu já escrevi há anos que o Deutsche Bank deve ter um buraco
tão grande que a Lua cabe lá dentro; até agora, têm conseguido esconder esse
buraco, mas isso não vai durar muito mais; e quando ele estoirar, quem o vai
assumir? A Alemanha vai fazer o mesmo que Portugal fez?
Claro que não! A Alemanha vai chutar o problema para a
Europa, para o BCE, para nós!!!
Nós ainda vamos ter de contribuir para tapar o buraco do
banco da Alemanha. Já estamos a contribuir, este processo das dívidas soberanos
está a ser usado para tapar esse buraco à nossa custa; mas não chega, é preciso
mais, muito mais.
Portanto, já sabem: o processo em curso, o trabalho
apresentado pela Elisa Ferreira, não é o resultado da acção dos deputados em
defesa da Europa, é o resultado da acção das instituições europeias ao serviço
da Alemanha.”
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