“Das coisas mais difíceis que há na vida é prever o futuro,
dizia Miguel Torga em 1948 no “Diário”. A afirmação é evidente. Serve para
qualquer um de nós - para a cidade ou país onde vivemos ou até este planeta
onde partilhamos este mundo globalizado que criámos.
Embora “nem possa ter a certeza dos processos nem a
verificação dos fins”, como refere Pessoa, no “Livro do desassossego”, posso ao
menos definir objectivos para, caminhando, para eles ir criando o caminho.
O que não posso nem devo, enquanto responsável político, é
limitar-me a gerir a res pública de uma forma avulsa, condicionado à obrigação
de tratar o lixo, limpar a cidade e pouco mais. Ou condicionar-me a actos
avulsos de celebração cultural, mais popular ou mais erudita, permitindo carnavais
sem identidade ou satisfazer-me com iniciativas sem enquadramento num plano de
futuro.
A Figueira, cuja actividade portuária foi importantíssima nos
séculos XVII e XVIII, que teve uma incomparável actividade turística dos finais
do século XIX e até meados do século XX, adormecida por tão notáveis êxitos,
acabou por não definir novos objectivos, terminados os anos de ouro. Se “o
caminho se faz caminhando”, não é menos verdade que não chegaremos onde não
sabemos para onde ir.
Talvez que o facto de termos agora um responsável regional
possa ajudar a definir objectivos através das sinergias que potenciem todos e
cada um dos concelhos da nova CIM. E que, na falta de recursos, ao menos se
consagre no planeamento regional e local os objectivos que verdadeiramente merecem
a região e o concelho.”
Em tempo.
O título é do Poeta Antero de Quental (“Sonetos” 1860-62) e é uma escolha do autor do Outra Margem.
1 comentário:
Excelente título para o post.
Abraço.
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