"João Rendeiro foi encontrado morto na cela que partilhava com 50 reclusos, em Westville, na cidade sul-africana de Durban.
Das capas de jornais e revistas, sempre apresentado como um génio da banca, Rendeiro caiu a pique e acabou pendurado numa cela de um país de terceiro mundo. Um fim inesperado, para quem ainda “ontem” se passeava pelo mundo em jactos privados. Mas Rendeiro escolheu o seu destino, ao fugir das autoridades portuguesas, rumo ao desconhecido. Só se pode queixar de si próprio. Ou podia.
Voou alto, mas, como Ícaro, a ambição levou-o a aproximar-se em demasia do sol, e as asas de cera acabaram por derreter."
Nota de rodapé.
"Não sinto qualquer regozijo pela morte de João Rendeiro, como não sentiria pela morte de Salgado.
Preferia muito mais que ressarcissem os lesados do BPP, ou do BES, mesmo sendo o BPP o banco dos ricos; isso não pode ser um estigma, e que no caso de Rendeiro cumprisse a pena a que tinha sido condenado, em Portugal.Agora já me faz uma enorme coceira no couro cabeludo, ver aquela cambada de hipócritas que sempre o bajulou, Júdice, Balsemão, Marcelo, Cavaco, … aliviados com a sua morte, e com ar consternado.
Tanto se tapam todos com a mesma manta, como esfregam as mãos de contentes quando um deles fina, ao tornar-se um empecilho nas suas vidas, por saber demais."
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