domingo, 5 de dezembro de 2021

Crónica da edição do mês de Novembro na Revista ÓBVIA

 OBVIAMENTE, APENAS UMA OPINIÃO...

Foto ÓBVIA
Segundo veio a lume no Diário as Beiras, "os social-democratas figueirenses deverão ir a votos em breve, ao abrigo de eleições antecipadas, uma vez que Ricardo Silva, o presidente da concelhia, renunciou ao mandato".

Sobre o que está em causa (tornar-se "proprietário" de uma pequena "quinta", como é o PSD na Figueira), cito uma passagem dum artigo  que escreveu no ínício deste mês Pacheco Pereira, na Revista Sábado.

"Possuir um grande partido, significa ter um grande património para distribuir pelos “seus”, lugares, empregos, oportunidades, estilos de vida acima das qualificações, possibilidade de mandar e corromper, poderes macros e micros, pose e pompa.

É parecido na sua acrimónia e violência com um conflito sobre marcos ou sobre o uso da água duma nascente, daqueles que historicamente são a fonte de assassinatos nos campos, animosidade de famílias por gerações, onde vinganças e ameaças são comuns.  O que se passa é que o conflito é por um bem, e um bem escasso: a posse e o controlo sobre um partido político, numa democracia que deu muitos poderes aos partidos.

Significa ter um grande património para distribuir pelos "seus", lugares, empregos, oportunidades, estilos de vida acima das qualificações, possibilidade de mandar e corromper, poderes macros e micros, pose e pompa. Infelizmente, quanto maior é a degradação política e ideológica de um partido, maior é a competição por estes bens."

Numa cidade onde o  “politicamente  correto” sempre influenciou a maneira de se fazer política, esta citação  é uma realidade inconveniente. 

Contudo, o "politicamente incorreto" é fundamental numa sociedade democrática e pluralista! 

Apesar das tentativas feitas,  nunca ninguém me impediu de emitir opinião.  Existiu (e isso  foi notório e palpável ao longo de várias décadas), foi uma opinião de pessoas que quiseram controlar aquilo que eu devia, ou não, dizer publicamente.

Isso existiu. Em 1978, quando dei os primeiros passos no jornalismo, no extinto "Barca Nova", senti logo o que era a pressão duma sociedade civilizada, democrática,  conservadora, provinciana, mesquinha, rasteirinha e de "brandos costumes, como era a Figueira dos meus 24 anos.

Sou o primeiro a tentar preservar a amizade. Isso não significa, porém,  que não possa emitir opinião sobre o desempenho dos meus amigos, quando eles ocupam funções políticas e públicas. Tive amigos que confundiram o meu caráter com a minha opinião. Por exemplo, vereadores, presidentes de junta de freguesia, membros da assembleia municipal ou de freguesia...

Se começarmos a fazer auto censura, onde é que vai estar a discussão crítica sobre aquilo que afecta a vida de todos nós? Como é que vamos saber, para  perceber, os vários pontos de vista existentes num concelho como o nosso? Como é que vamos evoluir enquanto sociedade?

O princípio do voto, directo e universal, é  bonito. Contudo,  pode levar à eleição dos maiores "canalhas" políticos. A democracia é mesmo isto:  "o pior sistema, à excepção de todos os outros". (Winston Churchill)

Voltando ao início para terminar. Na Figueira, em 2021 e anos seguintes, concorde-se ou não, a vida política vai passar por políticos como Santana Lopes - aqueles que sabem aproveitar as oportunidades pessoais.

Santana sempre foi mestre a aproveitar as falhas dos chamados "notáveis", que desprezam num partido enraizado no povo, os  militantes. Os "baronetes" das concelhias e das distritais, têm de si próprios e da sua importância uma ideia desproporcionada do peso real que lhes é dado pela máquina partidária dum partido com Povo, como é o PSD.

Sem esquecer que na "elite" local há quem se oponha,  não me admirará que o verdadeiro "proprietário" do PSD Figueira, nos próximos tempos, venha a ser, não alguém que defenda a aproximação a Santana, mas, ainda que por interposta pessoa, o próprio Santana Lopes.

E Santana Lopes, se assim o quiser,  nem vai precisar de tornar a ser militante do PSD...

Acham estranho? Lembram-se o que aconteceu ao PS depois de 2009? O PS Figueira passou a partido municipalista liderado por João Ataíde, que nunca foi militante socialista.

Para o PSD Figueira, o comboio de amanhã já passou há semanas. Ventos e marés podem contrariar-se, mas há muito pouco a fazer contra acontecimentos como o que aconteceu ao PSD Figueira nas autárquicas 2021.

Em 2021, que saída tem um PSD Figueira confrontado com uma escolha entre a morte por asfixia ou por estrangulamento?

Resta Santana Lopes, um político que, como ficou provado na anterior passagem pela Figueira,  continua em campanha eleitoral, mesmo depois de ter ganho as eleições?

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