Memória... |
Ontem, foi uma tarde de sábado livre.
Deu para fazer algo agora pouco habitual. Fui até ao Cabedelo.
É raro, agora, ir até aquelas bandas.
O Cabedelo, em anos anteriores, por esta altura, constituía já um ponto de referência estival no concelho da Figueira da Foz.
O tempo passou.
Há obras em curso.
E quando há obras e o tempo passa, muda tudo - sobretudo os velhos hábitos.
Ontem, a mente, liberta de preocupações, deixou-se inundar por inúmeras recordações que se sobrepunham de forma intemporal.
Deu para dar conta do apagamento de velhos pontos de referência.
Triste ver esse apagamento.
Dói.
Mas também dói o vazio humano que se via no café, nos novos arruamentos e, até, praia.
Um vazio humano, um vazio de sentimentos e um vazio de esperanças.
Dói ver o vazio e a decadência a desfilar perante os olhares de quem se entretém, durante uma bela tarde, a analisar os passantes e o ambiente.
Interroguei-me sobre o que se passava, como se fosse muito complicado encontrar as explicações. O que não é: a desoladora realidade está ao alcance de qualquer um de nós.
O Cabedelo perdeu encanto e capacidade de sedução.
Agora, é um local vazio de gente, vazio de sentimentos e vazio de esperança.
O Cabedelo está morto. É um vazio humano num cemitério de obras completamente desajustadas e que nada têm a ver com aquele local.
O Cabedelo está morto. Mas está mesmo.
Não fiquei muito tempo. Os espaços onde passei belas tardes, locais de alegrias e de esperanças, no fundo altares de almas, estavam vazios. Incomoda-me o vazio, incomoda-me a agonia do Cabedelo, incomoda-me gente que aceita com resignação a morte do Cabedelo.
Não fiquei muito tempo. Os espaços onde passei belas tardes, locais de alegrias e de esperanças, no fundo altares de almas, estavam vazios. Incomoda-me o vazio, incomoda-me a agonia do Cabedelo, incomoda-me gente que aceita com resignação a morte do Cabedelo.
Triste Povo. Triste Figueira. Triste concelho. Triste Cabedelo.
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