"Fiz esta pergunta, há alguns anos, ao saudoso Azenha Gomes, o “Senhor coletividades”, que me respondeu, com um sorriso pedagógico: “as que estão a mais vão desaparecendo…”. Uns segundos depois, talvez percebendo que lhe iria fazer mais perguntas, coçando a cabeça, confidenciou, quase num sussurro: “mas isto dá muito trabalho e nós estamos a ficar velhotes…”.
É frequente dizer-se que o concelho da Figueira, com as suas cerca de 140 coletividades, é particularmente rico: de facto, em todas as 14 freguesias do concelho há coletividades com atividade teatral, musical, desportiva, cultural, assistencial, e aos níveis da instrução, da recreação, da etnografia…
A ação das coletividades, que em geral no nosso país surgiram da vitória liberal de 1834 enquanto espaços de sociabilidade, mas também de diferenciação e de distinção, foi evoluindo, e com a República tem suprido, ao longo de décadas, lacunas nas responsabilidades do Estado quanto à educação artística e musical, tem proporcionado alguma integração social, tem muito contribuído para o combate à discriminação e ao isolamento, enfim, tem sido um fator determinante na promoção do sentimento de comunidade.
É verdade, como já foi referido, que a designação “coletividade” abarca um vastíssimo leque de valências, mas também um historial díspar, pois se algumas são já centenárias, outras têm meia dúzia de anos – logo, questões relacionadas com o património, de capacidade de influência, de gestão e de angariação de recursos, de atratibilidade de dirigentes e de públicos, colocam-se a níveis muito diferentes.
Assim, porque as coletividades são associações de pessoas de bem constituídas para contribuir para o desenvolvimento da cidadania individual e colectiva, sendo portanto decisivos espaços democráticos, mas também democratizadores, não só não concordo que as haja “a mais”, como defendo uma maior participação da sociedade na sua preservação e fortalecimento e uma também maior responsabilização do poder político no desenvolvimento de ferramentas práticas e exequíveis, tendentes a que as que há cumpram a missão para a qual foram criadas e outras possam surgir."
Via Diário as Beiras
É frequente dizer-se que o concelho da Figueira, com as suas cerca de 140 coletividades, é particularmente rico: de facto, em todas as 14 freguesias do concelho há coletividades com atividade teatral, musical, desportiva, cultural, assistencial, e aos níveis da instrução, da recreação, da etnografia…
A ação das coletividades, que em geral no nosso país surgiram da vitória liberal de 1834 enquanto espaços de sociabilidade, mas também de diferenciação e de distinção, foi evoluindo, e com a República tem suprido, ao longo de décadas, lacunas nas responsabilidades do Estado quanto à educação artística e musical, tem proporcionado alguma integração social, tem muito contribuído para o combate à discriminação e ao isolamento, enfim, tem sido um fator determinante na promoção do sentimento de comunidade.
É verdade, como já foi referido, que a designação “coletividade” abarca um vastíssimo leque de valências, mas também um historial díspar, pois se algumas são já centenárias, outras têm meia dúzia de anos – logo, questões relacionadas com o património, de capacidade de influência, de gestão e de angariação de recursos, de atratibilidade de dirigentes e de públicos, colocam-se a níveis muito diferentes.
Assim, porque as coletividades são associações de pessoas de bem constituídas para contribuir para o desenvolvimento da cidadania individual e colectiva, sendo portanto decisivos espaços democráticos, mas também democratizadores, não só não concordo que as haja “a mais”, como defendo uma maior participação da sociedade na sua preservação e fortalecimento e uma também maior responsabilização do poder político no desenvolvimento de ferramentas práticas e exequíveis, tendentes a que as que há cumpram a missão para a qual foram criadas e outras possam surgir."
Via Diário as Beiras
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