segunda-feira, 20 de abril de 2020

"Que solução propõe para a requalificação do Cabo Mondego?"

"Há ideias consensuais para a valorização do Cabo Mondego, desde a manutenção dos edifícios até à defesa do património natural, seja geológico, histórico, cultural ou biológico. Outras ideias estão por explorar, a abertura das minas de carvão e seu aproveitamento “turístico”, criando um “museu vivo”; criar ali uma zona de reserva natural exclusiva, como se fez em Sesimbra, permitindo que a zona costeira seja um viveiro de peixe e biodiversidade. Mas os investimentos e desafios são tão vastos e complexos que a requalificação do Cabo Mondego, a ser bem executada, levará décadas e deverá ser alvo de um detalhado estudo preliminar.

Qualquer intervenção deverá ser precedida de um estudo sobre o que nos trazem as alterações climáticas, a violência das tempestades marítimas aumenta, o nível médio das águas do mar também, os ventos são mais fortes,…etc. Que consequências terão esses fenómenos na exploração turística e lúdica, e até na própria existência do Cabo Mondego como o conhecemos hoje? Não sabemos porque ainda ninguém estudou o que ali se passa e passará nas próximas décadas.

Vivemos tempos diferentes, onde há uma maior incerteza quanto ao futuro da nossa relação com o que nos rodeia. O modelo linear de “requalificação”, ou exploração, do património natural e construído tem de ser reformulado.

A colonização do espaço natural, desbravar caminhos, construir estradas, iluminar artificialmente, invadir o habitat de animais e plantas, é um conceito ultrapassado. Devemos abandonar o antropocentrismo (e uma certa ganância e pressa que caracteriza a atual matriz societal), colocando o “espaço natural” no centro da requalificação, relegando para segundo plano as nossas aspirações desenvolvimentistas típicas do sec. XX."
Via Diário as Beiras

1 comentário:

CeterisParibus disse...

Levará décadas? Fixe. Era certo que nada alguma vez seria feito. Mas detalha mais, a ver se eu entendo e concordo. Aguardo.