Assistiu-se, ontem, ao fim da tarde, no Teatro do Grupo Caras Direitas, à apresentação pública do projecto da requalificação da frente de mar em Buarcos, no âmbito do PEDU.
Para expor o documento usaram da palavra o Presidente da Câmara e arquitectos responsáveis.
A Colectividade centenária Caras Direitas foi o local, diga-se que bem escolhido, pelo edil João Ataide, para a população assistir à apresentação desta “farsa” de teatro ou, digamos assim, um filme de ficção da Disney.
A Nossa Senhora das Eleições Autárquicas tem destas coisas.
Na velhinha colectividade, durante anos, muitas peças de teatro foram ali representadas, por amadores ou profissionais. Foi num dos camarins desta colectividade que nasceu o actor Camilo de Oliveira. Também foi neste espaço, que actores amadores levaram à cena a célebre peça – “caldeirada à pescador”... não me recordo de nenhuma peça, levada à cena naquele espaço, com o nome de "feijoada de búzios à mestre Zé". Contudo, lembro-me da peça “sardanisca”. Qualquer um destes nomes, aliás, ficava bem ao espectáculo, que constituiu esta apresentação pública, de um projecto que é mais uma manobra de diversão eleitoralista. Um autêntico atirar areia para os olhos das pessoas – e se ela abunda na praia da calamidade, já nas praias da zona sul ela rareia e é preciso “roubá-la” ao mar, como faz a APA à frente dos olhos de todos.
Mas, voltemos à apresentação do tal projecto, que também podia bem ser um filme da Disney. Naquele espaço foram passados durante anos muitos filmes de diversos géneros, onde a ingenuidade das crianças permitia apreciaram sempre a bondade e a capacidade de fazer sonhar do Senhor Walt Disney. Para surpresa, ou não, do edil João Ataide e dos seus camaradas (apesar de um mail a circular pelos militantes socialistas, o mesmo não conseguiu mobilizar mais do que uma dezena de fiéis), a larga maioria da assistência não gostou do que viu e ouviu. Muitos comerciantes locais, fizeram ouvir bem alto o seu protesto, pois este projecto (a ser concluído...), é mais uma machadada no comércio tradicional e um incentivo para as pessoas irem para as grandes superfícies comerciais existentes e aquelas que ainda vão ser criadas. O novo projecto da frente de mar, da mesma lavra dos arquitectos que fizeram o projecto da praia da calamidade, promete muito verde (contradição Horto natural) e coisas muito bonitas, entre elas uns balneários para o pseudo centro de alto rendimento da areia, para a rapaziada da empresa Madjer tomar banho.
Os autores deste mega projecto, como se sabe por experências anteriores, já estão habituados a apresentar propostas com coisas que depois o dinheiro não possibilita fazer, mas isso é o somenos, porque o que é preciso é vender sonhos (encomendados), ainda que, depois, acabem em pesadelos (como o caso da praia da calamidade, que até um coliseu, inicialmente foi prometido, e depois… é o que se vê ).
Confrontados com a pergunta quanto custa a execução daquele projecto, responderam que era para fazer em duas fases e não ultrapassa os dois milhões e meio, sendo que só estão garantidos um milhão e meio da verba do PEDU atribuída (7,5 milhões para quatro intervenções). Deu para perceber, que a ser feito, vamos ter mais uma intervenção ao nível da praia da calamidade...
No final, ao contrário dos filmes da Disney ou das peças de teatro acima referidas, o público não gostou mesmo nada daquilo que viu, e demonstrou bem alto a quem de direito, que está farto de embustes e de ser tomado por imbecil e parvo…
Só faltaram as pipocas e as bebidas da terra do tio Sam (mas isso é mais no cinema do Jumbo. A vereadora do Carvalho, que desculpe a referência, pois sabemos que a sehora vereadora já não pode ouvir falar neste nome...).
Vamos aguardar pelos próximos “milagres” em carteira da Nossa Senhora das Eleições Autárquicas. Já deu para perceber que são muitos e variados.
Até outubro, altura em que Ataíde e a sua equipa, contam ser novamente eleitos democraticamente para mandar, não para cumprir qualquer programa eleitoral, muito menos socialista, teremos oportunidade de ver isso no decorrer das sessões de agitação e propaganda que se irão seguir dentro de momentos.
2 comentários:
100% de acordo com as observações/comentários/críticas
JM
Boa tarde,
Estive em Agosto em Buarcos e deixo as seguintes observações:
1. as obras de requalificação parecem-me válidas, a julgar pelo placard com o 'depois' que pude observar. Mas esperemos que privilegiem a terra e o arborizado em relação ao cimento/pedra e à impermeabilização dos solos.
2. em relação ao comércio tradicional, surpreendeu-me a abertura de mais dois supermercados na Grande Buarcos: o Continente e o Minipreço, a somar ao Pingo Doce, Lidl e Ovo que já existiam. Mais o hiper Auchan no Foz Plaza, ali bem perto. Como sobrevivem mercados e mercearias a isto? As cidades portuguesas têm uma presença de supermercados no tecido urbano como eu nunca vi em qualquer outra cidade europeia! E Buarcos nem cidade é...
3. deixou-me estupefacto o estacionamento institucionalizado na Rua 5 de Outubro, pretensamente prioritária aos peões. Desde que foi requalificada, a presença de automóveis estacionados foi tímida, primeiro, mas a cada ano tem piorado. E este ano foi mesmo um abuso! E será que é uma zona isenta de multas??
Obrigado pela oportunidade.
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