terça-feira, 29 de outubro de 2013

Vendedores da banha da cobra

foto Pedro Agostinho Cruz
Durante anos - estávamos no tempo do Sócrates, primeiro ministro - trabalhei à noite em Coimbra.
Tive oportunidade de conhecer Coimbra a altas horas da noite e da madrugada.
Encontrei seres humanos abandonados, deitados no chão, cobertos por jornais, cobertores velhos, sujos e rotos  e caixas de cartão. Ao viajar pelas pelas ruas, encontrei  estas pessoas, alta madrugada, completamente desligadas do mundo, enquanto a cidade descansava.
Chuva, sol, vento e frio - aquele frio vindo dos lados da Lousã - e eles, indiferentes, continuavam a repousar sobre o cimento duro das arcadas dos prédios – o mais duro dos leitos-  num sono tão profundo que chegava a  imaginar que sonhavam.
Mas, o que poderiam sonhar estas pessoas?
Agora, que tenho tempo para  percorrer  a Figueira, de dia,  cada vez encontro mais lojas fechadas, casas abandonadas, pessoas a desesperar e desiludidas.
É a actualidade do meu país e da minha cidade.
Entretanto, com a chegada da troika, cresceu  a instabilidade, o medo, a incerteza, a tristeza - nossa e dos nossos amigos e conhecidos.
Todos os dias aumenta o desemprego, a pobreza, a fome, a austeridade, o fosso entre classes sociais.
Mas, pelos vistos existe outro país: o do milagre  dos vendedores da banha da cobra!

1 comentário:

ATALAIA disse...

Ministro da Economia diz que "os sinais positivos que se verificam na economia são sobretudo mérito das empresas".
É isso pá os trabalhadores não teem mérito nenhum a malta não tá lá a fazer nada o merito é das empresas e dos empresarios.
Só quem lhe desse com um gato morto nos olhos até ele miar.