António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quarta-feira, 28 de março de 2007
"Desconfiar, sempre..."
“...eu desconfio da Ota. Eu e, presumo, a esmagadora maioria dos portugueses. Porque sabemos imenso sobre aeronáutica, ventos e deslocação de terras? Porque somos especialistas em aeroportos? Porque lemos detalhadamente todos os estudos e os entendemos? Não, nada disso. Eu e a maioria dos portugueses desconfiamos da Ota porque até hoje nunca nos deram razões seguras, credíveis, sustentadas e indiscutíveis para confiarmos.
Ora, em Portugal, quando não é tudo absolutamente óbvio, normalmente acaba mal. Melhor dito, como na Lei de Murphy: quando algo pode correr mal, corre mesmo mal...
Olhem o Túnel do Marquês, olhem o metro no Terreiro do Paço, olhem os estádios do Euro. Olhem à volta, em resumo, e olhem mesmo para quem ganhou o jogo dos Grandes Portugueses...”, Pedro Rolo Duarte, na sua coluna de opinião, hoje, no Diário de Notícias.
Olhem para as obras da Ponte dos Arcos...
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11 comentários:
Caro amigo: discordo frontalmente do teor do post. Um novo aeroporto é um desígnio estratégico de sobrevivência de um país periférico e com a fachada atlântica virada a outros continentes. A alternativa do nada pode existir, mas equivale ao salazarento "orgulhosamente sós"!
Eu conheço parte de alguns dos dossiers e participo no debate pró-Ota há vários anos. Hoje é consensual que a Portela tem os dias contados ao tráfego internacional lá para 2016 (apenas 9 anos), que a aviação comercial está em enorme expansão de quantidade e dimensão das aeronaves, que Madrid está a ampliar Barajas com a estratégia centralista ibérica e que, o pouco que temos, é esta porta aberta ao mundo. Há inúmeros estudos técnicos e financeiros que sustentam esta opção que o Barroso, sem pudor, adiou por causa das criancinhas nas filas dos Hospitais. Agora ou se avança rapidamente ou começamos a desistir de ser país.
Abraço!
Ota é igual a pura e dura jogada de intertesses imobiliários. Na Ota e em Sacavém.
Aqueles terenos todos já tinham sido negociados a tempo e com um unico fito: Ganhar milhões e milhões à nossa custa, como é costume.
E tem outra coisa: Vamos ficar endividadoos até ao tutano por causa daquilo.
Não é uma prioridade absoluta e como tal podia e devia haver adaptações a outros locais para funcionamento alternativo para cargas e companhias baratas.
Não haja dúvidas quanto a isso, tá?
Mais uma jogada obscura para benefício de alguns em prejuízo de muitos.
Na questão da Ponte dos Arcos, e após o incidente lamentável que acabou por enlutar a povoação, ao que eu acho mesmo mesmo piada ( que não tem piada nenhuma) é ao comunicado emitido -salvo erro hoje- de um suposto IPTM, situado em Lisboa, que pelos vistos é a partir de lá que monitoriza e fiscaliza as obras, já que na Figueira e a sua dita delegação o silêncio é de ouro, quer dizer vale ouro, dado que não existe quem mande- mandando encerrar o dito canal à navegação! Pergunta-se se haverá alguém que coloque à porta da dita delegação figueirense um cartaz que ostente a seguinte frase: Encerrado para balanço. Ou Liquidação total! É á escolha do freguês.
Ora então o senhor Castelo de Areia é dos que também sabe tudo sobre isso, ou é a cartilha do partido que a isso o obriga?
RELATÓRIO DA ANA (Aeroportos e Navegação)1994.
“Da comparação das quatro opções consideradas, conclui-se”:
Da an álise global de um conjunto de aspectos objectivos, a melhor opção é Montijo B e a PIOR a Ota;
No aspecto operacional a melhor opção é o Rio Frio a e a PIOR a Ota;
Na perspectiva da engenharia a melhor é Montijo B e a PIOR a Ota;
No aspecto ambiental a melhor é Rio Frio e a pior é Montijo A;
Na perspectiva da acessibilidade a melhor é o Montijo A e B e a pior Rio Frio *;
No aspecto do esfor ço financeiro nas infra-estruturas e da própria TAP a melhor é Montijo B e a PIOR a Ota;
Na perspectiva da opera ção simultânea com a Portela e dos investimentos inerentes a melhor solução é o Montijo B e a PIOR a Ota.
Conclusões da ANA de 1994, esmagadoras para a decisão do governo em 1998, que, com base no risco de colisão com aves, conduziu à precipitada escolha da Ota ** (Engº AM/ADFER).
* Sem contar com a ponte Vasco da Gama e o futuro acesso do TGV/Madrid a Lisboa.
** O ambiente pol ítico em 1998 (governo Guterres: Foz Côa/Rio Frio), com a ‘ditadura/chantagem ’ dos ambientalistas.
PS: o deslocamento do NAER (NovoAeroporto) para a Ota, merece os aplausos das autoridades de Madrid e os agradecimentos da cidade de Badajoz.
Também tinha visto este dossiê ou não lhe convém falar dele?
Tó da Lota:
Lamento discordar, mas o amigo só insinua, desconfia e faz má-língua. O que diz não tem prova evidente. Pode crer, por exemplo, que a Câmara de Alenquer tem sido muito prejudicada, há já alguns anos, devido à definição de terrenos de reserva para expansão da Ota e que, assim sendo, não podem ser vendidos nem urbanizados.
O alternativa na margem sul é que poderá estar ligada aos investimentos turísticos do Grupo Espírito Santo no litoral alentejano, mas também ninguém apresentou evidências.
Outra questão é o endividamento público que não existirá, já que os privados terão a maior fatia e a União Europeia outra grande parte. O Estado português não tinha qualquer hipótese de construir um aeroporto internacional da dimensão pretendida. O busilis é que os privados irão "abocanhar" a A.N.A. que é muito lucrativa, como contrapartida do investimento. Mas é claro que o empreendimento envolve negócio, como é natural.
"Ota: Presidente da SATA defende novo aeroporto
O presidente da transportadora aérea açoriana (SATA) defendeu hoje a urgência da construção de um novo aeroporto em Portugal, alegando que investimentos em Madrid estão a fortalecer a Espanha como porta de entrada na Europa.
«Está a ser construído, a 70 quilómetros de Madrid, um novo grande aeroporto que vai fortalecer a capacidade de sucção» de tráfego aéreo na Península Ibérica, adiantou à agência Lusa António Cansado, para quem «é secundária» a localização de um novo aeroporto internacional em Portugal.
O responsável do Grupo SATA alertou que já foram «ultrapassados todos os prazos razoáveis» para a definição do local de um novo aeroporto, razão pela qual é necessário avançar com a construção de um «verdadeiro hub» (aeroportos que são os principais centros de operações de voos comerciais).
António Cansado salientou, ainda, ser «imprescindível» que o país disponha de um «hub», como placa giratória de várias rotas internacionais, de modo a «dar corpo à vocação Atlântica de Portugal», assumindo-se como porta de entrada na Europa.
«Actualmente, 50% dos brasileiros que entram na Europa, fazem-no por Lisboa, mas esta realidade tenderá a perder-se», perante as possibilidades apresentadas por Madrid, disse António Cansado."(...)
O Anónimo das 01:01 dise e eu pergunto:
Quais Brasileiros? Os que vêm trabalhar ao balcão das pizzarias na Europa ou as miudas para o alterne?
«""Actualmente, 50% dos brasileiros que entram na Europa, fazem-no por Lisboa, mas esta realidade tenderá a perder-se», perante as possibilidades apresentadas por Madrid, disse António Cansado."(...)""
Castelo de Areia disse isto e eu pergunto.
A CMAlenquer quer vender e urbanizar o quê, se os terrenos são de privados agiotas entre os quais se encontra a "nomenklatura" do Eduardo dos Santos.
""a Câmara de Alenquer tem sido muito prejudicada, há já alguns anos, devido à definição de terrenos de reserva para expansão da Ota e que, assim sendo, não podem ser vendidos nem urbanizados"".
Urbanizar uma área daquelas? Só se for para deslocar o resto da população portuguesa para aquelas paragens. Espaço não falta.
Quanto ao que diz o responsável do Grupo Sata, é para se fazer ouvir a si próprio. Não tem voto na matéria. Que se deixe ficar lá pelas ilhas a ver os aviões passar. É mais um soba de meia tijela que fala de barriga cheia à custa dos outros.
O Tó da Lota refere o caso dos terrenos porque se calhar sabe de coisas parecidas. Quanto ao que diz e também refere o Castelo de Ateia de quem paga o quê, é assim meu caro
Castelo de Areia:
Quem vai pagar aquilo somos nós, os nossos filhos e os filhos deles.Quando os privados comprarem aquilo mais a ANA, não é a nós que vão devolver a massa. Acorde meu amigo! Alguém, os do costume, vai abocanhar e roubar toda essa massa. Ou será que já lhe devolveram algum da Expo? Pagámos e estamos todos a pagar e já venderam quase tudo.
A mim, ainda não devolveram um cêntimo. E a si?
Pelo contrário, cada vez me levam mais.
Vamos então continuar a discordar, o que é bem saudável:
Sobre o hipotético relatório da A.N.A. que refere, trata-se tão só de uma opinião (?) sem consistência. Veja por exemplo a questão da classificação ambiental que foi determinante no chumbo de Rio Frio. Lá existe o maior aquífero subterrâneo do País (estratégico, portanto) e é corredor de migração de aves o que causa riscos óbvios para a aviação. Foi com esta constatação que a União Europeia se opôs a essa hipótese.
Claro que a Ota não é o paraíso das condições operacionais da aeronautica, mas na zona de Lisboa era a melhor solução.
A preferência pela margem sul denota uma visão virada para venda de serviços/turismo que sirva os projectados investimentos dos grandes grupos económicos apadrinhados pelo Ministro Manuel Pinho. A opção Ota privilegia o negócio dos bens transaccionáveis industriais fomentadora de exportações, com claro benefício para a economia nacional, com maioria de unidades instaladas no Norte e Centro.
Em verdade, o que está em jogo não é a construção de um simples aeroporto, mas uma plataforma de comunicações internacional. Isso é que é o grande objectivo. O resto, na minha opinião, é ruído!
Não é só ruido. É negociatas também. O que temos chega para a nossa dimensão e necessidades.
É preciso aliviar a pressão no actual aeroporto?
Desloquem-se os voos de carga e das operadoras baratas e charter para outro lado. Podia ser Alverca, Sintra, Montijo ou outro local por perto.
Ficava a coisa resolvida e não era preciso gastar o balurdio que se vai gastar e nos atrasar ainda mais.
Os nossos filhos já estão a ser sacrificados . Os nossos netos serão os próximos, e se ainda existir Portugal nessa altura, os filhos dos nossos netos ainda andarão a pagar facturas dessas. E a entrada na Europa não é por aqui. É muito longe do centro.
Esse é que é o problema.
Caro aviador:
As hipóteses de desvio de aeronaves para Sintra ou Alverca não são, tecnicamente, viáveis. Por exemplo, os corredores de aproximação à pista deste último e da Portela são cruzados e Sintra tem valência militares incompatíveis com tráfego civil. Depois, dizem os entendidos, que sairia mais caro a manutenção/gestão de dois terminais do que concentrado num só lugar.
A Portela, é dos anos 40, sem condições reais de expansão absolutamente vital até para o simples aparcamento de aviões. Depois é obsoleto em termos de ruído e de segurança que dezenas de aviões sobrevoem, a baixa altitude a cidade de Lisboa. Já pensou nas consequências de um eventual desastre ? Já pensou o que sucederia com um simples erro humano numa descolagem ou aterragem mesmo em cima da 2ª circular? Imagina qual é o ritmo de movimentos da Portela, actualmente, que significam o aumento exponencial de perigo?
Portanto, o que temos não tem viabilidade há muito tempo. A alternativa é transformarmos Portugal numa enorme reserva de índios, à margem do mundo.
A alternativa é transformarmos Portugal numa enorme reserva de índios, à margem do mundo.
Já somos. Isto é uma selva. até o PM é um Eng.º falso.
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