Foi com espanto, ou não, que ficámos todos a saber que a promiscuidade também se faz sentir, e de que maneira, no reino da comunicação social.
Num longo ensaio publicado na revista sábado, João Pedro George destapa o véu sobre uma enorme teia de interesses e cumplicidades entre assessores, jornalistas, editores, escritores e afins que "atacam" num suplemento do jornal Público.
A leitura revela uma série alucinante de más práticas impensáveis num jornal de referência, deixando qualquer cidadão de boca aberta perante uma factualidade que mais parece ter saído do universo mediático de uma qualquer república das bananas.
O segundo exemplo ainda é tão ou mais arrepiante.
Uma entrevista ao Expresso, dada pelo primeiro-ministro, deu origem a uma série de trapalhadas entre as quais se destaca a retenção de uma notícia - e que notícia! - sem qualquer justificação aos leitores daqueles semanário.
Entrevistado e jornalistas concertaram a publicação do anúncio de uma crise institucional para uma data posterior de acordo, certamente, com o interesse de ambas as partes, em detrimento do dever de informação e do respeito pelos leitores.
Inimaginável!
Estes dois exemplos revelam que há uma parte da comunicação social que está transformada num lodo, o qual deixa os jornalistas sem qualquer autoridade ética e deontológica para apontar o dedo ao pântano em que o poder político está afundado há muitos anos.
E isto poderá ser apenas a ponta do iceberg...
Consequências?
Nada, só silêncios.
Se o conhecimento destes dois episódios nos revelam um mundo de opacidades na imprensa também é verdade que nos permite ainda ter esperança na existência de um resto de jornalismo atento, livre e limpo.
O cancro que está a liquidar a comunicação social é muito mais do que uma questão financeira.
Colocando-se a jeito desta forma descarada não há dinheiro que valha para garantir uma informação independente e a salvação do sector.»
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