quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A direita do PS continua a existir...

"A direita do PS é ardilosa. Tem vivido contrariada estes dois últimos anos. Está calada, ou quase, porque não tem alternativa. Culpa Passos por este desfecho. Anseia por outra solução. Esta coisa de ter de estar a negociar permanentemente com a Esquerda irrita-a. E pior ainda é ter de ouvir repetidamente os remoques do PC e do BE, sem que das palavras de um ou de outro saia em nenhuma circunstância um gesto de gratidão, julgado devido a quem os tirou do “gueto”. Depois, há os grandes e pequenos interesses patronais que nunca estão verdadeiramente tranquilos com esta solução. E aqueles que no PS os representam sentem estas “dores”, principalmente num tempo em que tanto se tem falado da reposição do regime laboral pré-troika.  
Esta direita do PS sabe, melhor que ninguém, que está bem representada no Governo em áreas nevrálgicas. Mas não chega. Anseia, repito, por outra solução. Por uma solução sem esta imagem de dependência à Esquerda.

Vem isto a propósito das esperanças que Jorge Coelho põe na liderança de Rui Rio de quem espera um regresso à verdadeira natureza do PSD – a natureza “social-democrata”, ou seja, a natureza que ele, como muito bem se sabe, nunca teve. A sua natureza é PPD, como Santana Lopes não se cansa de sublinhar.

Evidentemente, que no PSD não são todos iguais. Há certamente alguma diferença entre Passos e outros que por lá também passaram. Mas a principal diferença é a que resulta de Passos ter sido mais claro do que todos os restantes na definição de objectivos comuns, como claramente resultou da sintonia com Cavaco que aliás se mantém sempre que Cavaco abandona temporariamente o sarcófago para, na sua mui erudita sabedoria, nos lembrar quão errados estamos  por seguirmos uma via que despreza a "realidade" para privilegiar a "ideologia".

Quando Coelho lembra o papel do PSD no SNS, na escola pública, na segurança social bem como dos princípios universalistas que o orientaram na formulação destas políticas só pode estar a querer dizer a Rio que minta sobre o que tenciona fazer, tal como ele, Jorge Coelho, está a mentir sobre o passado do PSD ao atribuir-lhe um património político que ele nunca teve.

Portanto, o pior que poderia acontecer a este país era o PS ganhar as próximas eleições legislativas com maioria absoluta. E ai daqueles que à esquerda do PS lhe derem o voto por se sentirem muito felizes com as políticas que tem sido postas em prática bem como com os seus resultados, já que ao fazê-lo estariam a abrir de par em par as portas à direita do PS. Uma direita que ainda não percebeu que, nos tempos que correm, não há nada mais mortífero para um partido socialista ou social-democrata do que uma política dita de centro, na verdade nada equidistante das polaridades sociais, visto servir sempre muito mais os interesses da direita do que as aspirações da esquerda."

daqui

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