Apesar de me dizerem que não
acreditam na minha idade (isso acontece-me frequentemente...), os
anos passaram pelo corpo e pela alma com uma velocidade alucinante
- a barriguinha, fruto do palato cada vez mais guloso, é o que se
nota mais...
No que aos sentidos diz respeito,
vão-me valendo os ouvidos, cada vez mais apurados e mais
requintados - ouvem tudo e, ao mesmo tempo, só mesmo o que lhes
apetece...
Todos nós sabemos que as perseguições
espirituais são qualquer coisa potencialmente igual às perseguições
à séria - normalmente, começam devagarinho, frouxas e tímidas,
mas com o passar do tempo tornam-se robustas...
Porém, nunca tive medo do futuro, nomeadamente
os medos habituais: por exemplo, o medo de ficar sem emprego...
E, contudo, quase sempre vivi na
Figueira, cidade provinciana, sob vários aspectos periférica,
nomeadamente em termos culturais - temos um extraordinário porto de mar, mas livrarias, que é delas?..
Eu sempre fiz o que quis da minha
vida.
Quer dizer - na maior parte das vezes,
fiz o que pude.
E quem faz o que pode...
Não posso esquecer que quase sempre vivi na Figueira - numa cidade de “fascismo de sacristia”, antes do 25 de Abril, à cidade do “estado a
que o concelho chegou”...
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