António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
O «populismo», em Portugal, não se resume a Marinho e Pinto...
Os jornalistas sempre levaram o Marinho e Pinto ao colo.
Dá um bom boneco e os jornalistas gostam disso.
Por isso, aparece, tantas vezes, a dizer coisas singelas que toda a gente percebe - Marinho e Pinto diz em público aquilo que toda a gente diz em casa, no café, no restaurante, no cinema, nos transportes públicos, no futebol e no trabalho.
Por vezes, falou até do que, aparentemente, nem queria saber. Estou a recordar-me, por exemplo, do caso Casa Pia...
Tal como em França e em Espanha, com Marinho e Pinto o «populismo» parece também estar na rua em Portugal.
Depois de ler a crónica acima, entendi as preocupações do Rui Curado da Silva, mas, a meu ver, o assunto é mais grave e mais profundo e tem a ver com a qualidade da democracia: que distingue o «populismo» de outras vitórias eleitorais – digamos assim para simplificar - mais ortodoxas?
Se o «populismo» é o fenómeno político que caça votos em troca de promessas demagógicas, falsas e irrealistas, em que sentido não foi a vitória de Passos Coelho em 2011 uma vitória «populista»?
E a de Sócrates em 2009?..
E a de Santana Lopes na Figueira em 1997?
E as de Ataíde em 2009 e 2013?
E a da semana passada do PS em S. Pedro?
E a putativa de Costa em 2015?
Entre as palavras e os actos, deveriam valer os actos...
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