Neste espaço, no dia 6 de dezembro, vai ter lugar a inauguração de uma exposição sobre Joaquim Namorado. Além dos livros que viajaram da Figueira para Vila Franca de Xira, vão estar patentes dois quadros pintados pelo dr. Joaquim Namorado de que mostramos imagem abaixo.
Teresa Namorado, sua filha, a comer um gelado |
Um homem a andar de bicicleta. Este quadro, faz parte de uma trilogia.
Não
sei bem de que é feita uma memória.
É
comovente como os portugueses gostam sempre tanto das pessoas que
morrem.
Quando
morrem, claro.
Nesse
instante e nas 48 horas que se seguem, amam-nas profundamente,
admiram-nas incondicionalmente, choram-nas sentidamente e enumeram,
com orgulho, as vezes em que respiraram o mesmo ar.
A
morte de uns é, muitas vezes, a grande oportunidade para a vaidade
de outros. A
hipocrisia comove-me até às entranhas.
Se bem me lembro, a Câmara da Figueira, por unanimidade, atribuiu, há mais de 3 décadas, a uma praça da nossa cidade o nome de Joaquim Namorado. Tal, porém, continua por acontecer na realidade... Na Figueira, continua a não haver na toponímia local qualquer referência a Joaquim Namorado!
Joaquim Namorado, um resistente à ditadura de Salazar e um «homem são, frontal e generoso», para além de prolixo autor, continua a ser assim (mal) tratado por esta profunda tristeza democrática em que a Figueira vive...
Esta Figueira é tão injusta e tão vil... Em tempo (daqui): "Maria José Montperrin, já depois de Abril, veio a sua casa entrevistá-lo para o "Expresso", jornal famoso da nossa democracia da era atómica. Quando entrou na sala e foi mandada sentar, mostrou estranheza pelo contraste entre os quadros, gravuras, pratos pintados e várias cerâmicas (Júlio Pomar, Resende, Mário Dionísio, Querubim Lapa, Cipriano Dourado, Rogério Ribeiro, Lima de Freitas, Vespeira...) e os sofás em napa, mas logo recebeu a explicação: - "Cá em é assim, provas de afectos de muitos e bons amigos, mas coiros só de visita". |
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