quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

COVA-GALA, SEMPRE!


Por impossibilidade pessoal, não tive oportunidade de assistir “in locco”, à Assembleia de Freguesia de São Pedro, que se realizou na passada segunda-feira. Todavia, já tive oportunidade de me informar sobre o que lá aconteceu, quer por troca de impressões informal com participantes na reunião, quer pela leitura deste post do Pedro Cruz e respectivos comentários publicados.

“Carlos Simão, presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro, há 16 anos, disse no decorrer da Assembleia de Freguesia, ontem realizada, esta coisa absolutamente extraordinária: “Cova-Gala não existe em lado nenhum". Segundo o mesmo, “Cova-Gala é um nome interno, ou seja, não existe em lado nenhum. O que existe é Freguesia de S. Pedro da Figueira da Foz."E, a dado passo da ordem dos trabalhos, talvez, quem sabe, por mera manobra de diversão, afirma: “fala-se de tudo e não se fala do que realmente importa, os líderes de 1979 é que mataram a Cova-Gala.”

Fiquei pasmado, ao ter conhecimento desta frase do senhor presidente da junta: como é que se pode matar o que, segundo ele, nunca “existiu em lado nenhum”?...

Vamos, então, avivar a memória, sobre o que se passou há cerca de 40 anos na Cova e na Gala, via site do GRUPO DESPORTIVO COVA-GALA:

Estávamos em 1969. A rivalidade entre as povoações de Cova e Gala era bastante acentuada. Os Evangélicos, através do pastor Esperança chamavam a estas povoações de "Cova da Gala", o que foi continuado pelo Reverendo João Neto.

Nesta altura o Desportivo Clube Marítimo da Gala tinha acabado de perder o seu campo de futebol. A Câmara Municipal da Figueira da Foz tinha vendido o terreno, onde este se encontrava, á TERPEX.

Dois directores (José Vidal e Manuel Afonso Baptista) do Desportivo Clube Marítimo da Gala - Centro de Recreio Popular Nº72 - resolveram ir à Direcção Geral das Florestas e pedir ao sr. Engenheiro Gravato a cedência duma fábrica em ruínas que existia no Cabedelo. O sr. Eng. Gravato disse-lhes que podiam fazer o campo nessas instalações velhas, mas que teriam também de pedir a alguém na Casa dos Pescadores de Buarcos, visto eles se intitularem com direitos à dita fábrica.

Juntaram-se a estes dois directores mais alguns elementos, tais como Manuel Curado, Inácio Pereira e outros ligados ao sector da pesca. Atendidos pelo sr. Tomás, este disse estar na disposição de ceder as instalações, tanto mais que ambas as entidades as reclamavam para si e assim a partir dessa data ficariam para as povoações de Cova-Gala.

Estando este caso esclarecido, foi então feito um peditório pela povoação para o aluguer duma máquina de terraplanagem, a qual serviu também para o início da abertura duma ligação à praia da Cova (hoje Rua do Mar) e outros caminhos. Os primeiros montes de solão, cedidos pelo sr. Manuel Paralta (padeiro) vieram de Lavos, trazidos por batéis para a borda do rio e dali carregado para o campo de futebol.

Era o princípio do fim da rivalidade que existia entre a Cova e a Gala. Foram tempos difíceis para se avançar com a feitura do campo. O solão não havia em abundância e o saibro também não estava muito em uso. Foi preciso esperar mais alguns anos, até que alguém, com vontade férrea de vencer estas rivalidades fez vingar a ideia da vivência pacifista. Foram eles, os fundadores do Grupo Desportivo Cova-Gala. Foram eles, que mais do que construir um campo e uma equipa de futebol, tinham em mente a unificação total destas duas povoações.

O DESPERTAR DE UM SONHO

Estávamos em 1969. A rivalidade entre as povoações de Cova e Gala era bastante acentuada. Os Evangélicos, através do pastor Esperança chamavam a estas povoações de "Cova da Gala", o que foi continuado pelo Reverendo João Neto.

Nesta altura o Desportivo Clube Marítimo da Gala tinha acabado de perder o seu campo de futebol. A Câmara Municipal da Figueira da Foz tinha vendido o terreno, onde este se encontrava, á TERPEX.

Dois directores (José Vidal e Manuel Afonso Baptista) do Desportivo Clube Marítimo da Gala - Centro de Recreio Popular Nº72 - resolveram ir à Direcção Geral das Florestas e pedir ao sr. Engenheiro Gravato a cedência duma fábrica em ruínas que existia no Cabedelo. O sr. Eng. Gravato disse-lhes que podiam fazer o campo nessas instalações velhas, mas que teriam também de pedir a alguém na Casa dos Pescadores de Buarcos, visto eles se intitularem com direitos à dita fábrica.

Juntaram-se a estes dois directores mais alguns elementos, tais como Manuel Curado, Inácio Pereira e outros ligados ao sector da pesca. Atendidos pelo sr. Tomás, este disse estar na disposição de ceder as instalações, tanto mais que ambas as entidades as reclamavam para si e assim a partir dessa data ficariam para as povoações de Cova-Gala.

Estando este caso esclarecido, foi então feito um peditório pela povoação para o aluguer duma máquina de terraplanagem, a qual serviu também para o início da abertura duma ligação à praia da Cova (hoje Rua do Mar) e outros caminhos. Os primeiros montes de solão, cedidos pelo sr. Manuel Paralta (padeiro) vieram de Lavos, trazidos por batéis para a borda do rio e dali carregado para o campo de futebol.

Era o princípio do fim da rivalidade que existia entre a Cova e a Gala. Foram tempos difíceis para se avançar com a feitura do campo. O solão não havia em abundância e o saibro também não estava muito em uso. Foi preciso esperar mais alguns anos, até que alguém, com vontade férrea de vencer estas rivalidades fez vingar a ideia da vivência pacifista. Foram eles, os fundadores do Grupo Desportivo Cova-Gala. Foram eles, que mais do que construir um campo e uma equipa de futebol, tinham em mente a unificação total destas duas povoações.

Pois é, Cova-Gala pode ser, como diz o senhor presidente da junta, um nome interno, mas que apareceu naturalmente como uma necessidade do Povo da Cova e da Gala, sendo, por isso, facilmente assimilado como património natural e histórico dos descendentes dos ilhavenses – os verdadeiros fundadores da Cova, primeiro, e, cerca de 40 depois, da Gala.

Agora, Vila de São Pedro, uma criação oportunista de políticos, de fora e de dentro da Cova-Gala, é que não vai, de certeza, ser assimilada, e naturalmente aceite, como património natural e histórico dos descendentes dos ilhavenses – os verdadeiros fundadores da Cova, primeiro, e, cerca de 40 depois, da Gala.

Quanto a isso, senhor presidente da junta de São Pedro, eu, como um dos inconformados, estou completamente descansado.

Agora, há que continuar a lutar para repor aquilo que é o património natural e histórico dos descendentes dos ilhavenses – os verdadeiros fundadores da Cova, primeiro, e, cerca de 40 depois, da Gala.
Portanto, senhor presidente da junta de Freguesia de São Pedro: Cova-Gala, sempre! A luta pela reposição da verdade histórica vai, naturalmente, continuar.

4 comentários:

João Pita disse...

Magnífico e oportuno post.
Tomo a liberdade de o transcrever no "Cova d'oiro".
Um abraço.

João Pita

ANTÓNIO AGOSTINHO disse...

Obrigado. Com a natural retribuição do abraço.

Guimaraes disse...

Embora não seja natural da Cova - Gala por ela e pelas suas gentes nutro grande carinho, até porque lá passei mais de 30 anos da minha vida profissional, exactamente no edifício que pertence às duas aldeias - o hospital. Fui ouvindo diversas histórias, mas esta é verdadeiramente edificante e esclarecedora.
É sempre bom conhecer o princípio das coisas para as situar na realidade, trabalho a que muitos políticos não se dão...
Obrigado pela lição e um abraço de bom Ano Novo.

o cu de judas disse...

primeiro Cova e Gala são duas povoações distintas, nessas povoações poderá haver lugares, povos, sítios, tudo com o mesmo significado: aglomerado populacional com 5 a 10 fogos.
Acontece que no lugar de São Pedro não existem tais fogos, pois parte dele é o areal onde está implantado o hospital- vejam o site o Instituto geográfico de Portugal no tema toponímias (nomes de lugares) Irónico