sábado, 30 de dezembro de 2006

Em 2007, há que sobreviver







Pronto, o 2006 só tem mais um dia, está prestes a finar-se...
Sem deixar grandes saudades, acaba e deixa-nos sentimentos contraditórios: por um lado, a crise económica e a instabilidade; por outro lado, os ganhos financeiros das Bolsas de todo o Mundo, incluindo a portuguesa...
É o mundo de hoje...


Na realidade, para os portugueses, enquanto colectivo, não irá ser fácil recordar uma boa notícia no decorrer dos 365 dias do ano passado...
Entre muitas outras coisas, ficámos com a saúde pela hora da morte e a ter de pagar mais pelo que iremos receber, se conseguirmos prolongar a vida até à reforma!...
Em 2007, é certo e sabido, o cinto vai continuar a apertar.
A inflação vai ser superior ao aumento dos salários...
O aumento do pão, dos transportes, da saúde, da água, da electricidade, tudo luxos, aí está para o provar.
Presumivelmente, vem aí também mais uma subida das taxas de juro e do preço dos combustíveis...
Entramos no novo ano com mais dúvidas do que certezas, mas sejamos optimistas.
Na vida, é melhor ser optimista. Nada se ganha em sofrer por antecipação.

Bom, seja como for, pelo menos no primeiro dia, vamos deixar o pessimismo de lado.
Apesar da muita incerteza que persiste em relação ao nosso futuro colectivo, sejamos criativos.
Isto é: temos de estar confiantes em nós próprios.
Saudemos, pois, com alegria o 2007..
Para já, que se lixe o resto.
Bom Ano Novo!...
Há que sobreviver!..

3 comentários:

Anónimo disse...

O mundo conclui o ano de 2006 sob o signo das imagens de Saddam Hussein a ser preparado para a morte por enforcamento. Nesta afirmação, repare-se, o essencial da mensagem não está no factual ("a ser preparado para a morte"), mas no destinatário global ("o mundo"). Dito de outro modo: o planeta em que vivemos (e matamos os nossos semelhantes) consome imagens deste género como coisa natural, naturalmente integrada nas suas sagradas rotinas.

Não estou a discutir o que se "deveria" ou "não deveria" mostrar face às imagens disponíveis. O tema não é banal e, por exemplo, não posso deixar de reconhecer que há diferenças complexas entre a opção da BBC (que cortou as imagens antes de se ver a colocação da corda no pescoço de Saddam) e a que foi seguida por canais como a CNN ou a France 24 (reproduzindo na íntegra as imagens recebidas). Seja como for, não aceito pensar em função da ideologia métrica de muitos directores de infor- mação (televisiva) que apaziguam a sua consciência com avaliações pueris sobre o "muito" ou o "pouco" que mostram, o "perto" ou o "longe" das suas imagens.

Entendam-me: também não estou a tentar lançar a "enésima" discussão sobre as relações entre a brutalidade da ditadura de Saddam e as muitas formas de violência que proliferam no Iraque desde a invasão pelos militares dos EUA. Trata-se apenas de preencher o breve espaço desta coluna de texto com o reconhecimento de uma verdade que, por norma, os responsáveis televisivos e os decisores políticos recusam enfrentar: a de que vivemos num regime pornográfico das imagens em que tudo, mas mesmo tudo (incluindo a morte premeditada de um homem), é tratado como acontecimento "normal" no interior de um fluxo de imagens que tende para a indiferença.

É preciso voltar a questionar todas essas pessoas que, de facto, objectivamente, seguem opções e tomam decisões que delimitam o nosso imaginário quotidiano (feito de imagens e ideias sobre as imagens). É preciso dizer-lhes, sem azedume, mas com grande firmeza moral, que são eles que fazem este mundo mediático que expõe rituais de morte com a mesma indiferença com que retrata alguma personagem incauta numa casa de banho de um qualquer Big Brother. Que em 2007 essas pessoas, ao menos, arrisquem pensar naquilo que fazem.

João Lopes
Diabo de Notícias

Anónimo disse...

Realidade e imagem. Eis uma reflexão importante.
A explosão do "You Tube" e a nomeação dos internautas como figura do ano pela revista "Time", demonstra cada vez mais o primado da imagem sobre a palavra, como, à dias, reflectia e sintetizava Pacheco Pereira. A estafada frase de que uma imagem vale mil palavras resume este nosso mundo contemporâneo. Esquecemo-nos que nem todas as imagens são verdadeiras, e, nem todas transmitem a realidade, senão uma parte dessa realidade. E, nem todas as imagens podem valer assim tantas palavras. Embora ambas possam ser manipuladas, o discernimento possível nos tempos que correm, entre umas e outras, nasce dessa capacidade individual de cada um de nós em desenvolver a sua capacidade critica sobre o que vê ou lê, já nem falo sobre o que se ouve...dum pequeno rumor...pode nascer o mais fantástico acontecimento, que pode até nunca ter acontecido!
As técnicas da propaganda nos nossos dias propocionam-nos verdadeiros momentos de pura reflexão, sobre o mundo que temos, sobre o mundo que desejamos, enquanto infíma parte de uma opinião pública mundial. Sabermos distinguir o útil do acessório, são ferramentas, que cada um de nós tem a obrigação de desenvolver, sob pena, caso isso não seja feito, de nos deixarmos cada vez mais, e uma vez mais, manipular pelos poderosos interesses que se movimentam em cada época histórica. Podemos não mudar o mundo, mas podemos fazer um pequeno favor ao mundo que é o de nos mudarmos a nós próprios.
Um Abraço e BOM ANO!

Anónimo disse...

Bem o Saddham ficará na história como um dos grandes ícones da civilização ocidental. É que a sua subida ao poder foi uma vitória do capitalismo, porque fala-se dos curdos e dos xiitas que ele eliminou, mas os comunistas e outra gente de esquerda que ele dizimou com o beneplácito da "maior democracia do mundo"?
E a sua morte foi também uma grande vitória do neo-liberalismo, do capitalismo selvagem, da globalização. Enfim, celebremos.