Foto sacada daqui |
No final da semana em que Santana Lopes consegue a tranquilidade e a estabelidade que lhe vai permitir ter o tempo, a disponiblidade, a serenidade e a paz para pensar outros voos, com o acordo tripartido que lhe permitiu arrigementar uma maioria absoluta na autarquia figueirense, o tema político na Figueira para a principal força da oposição é "a camada vegetal que cobre o areal da praia da nossa cidade."!
Pressionar o vereador do PSD Ricardo Silva, Santana Lopes e o PSD nacional, a esclarecerem os termos do acordo a que agora chegaram, depois de tudo o que se passou na última campanha eleitoral autárquica e, depois, deste Outubro de 2021 até ao dia 2 de Junho de 2023, isso para o PS e para o resto das forças políticas da Figueira, jornalistas, bloguistas, internautas facebokinianos e população figueirense, é irrelevante !
Importante, é a "camada vegetal que cobre o areal da praia da nossa cidade"!
Perante isto, não é de reconhecer que o vereador Silva (com a ajuda de quem está acima dele), não é "um pobre diabo, mas um génio político florentino", que os totós usados e abusados por ele, que se julgam a última bolacha do pacote, nem sonham?
Quem cria um facto político na semama mais decisiva, até aqui, deste mandato autárquico de Pedro Santana Lopes, capaz de desviar as atenções do essencial, só merece que lhe faça, mais uma vez, uma vénia e lhe reconheça o valor: como já expliquei aqui, és grande Ricardo Silva.
Num terra de cegos, políticos naifs, moradores desatentos, comunicação social deficiente e intelectuais sem capacidade para intrepertar os tempos que correm na Figueira, basta um olho para ses rei.
Citando Viriato Soromenho Marques, não foi há 500 e poucos anos, que um homem discreto terminou, numa povoação vizinha de Florença, o manuscrito de uma obra que se tornaria universalmente conhecida (mesmo pelos que nunca a leram): O Príncipe, de Nicolau Maquiavel?
O seu autor tornar-se-ia um dos mais improváveis teóricos de primeiro nível da história intelectual do Ocidente, dado que a sua vocação era a acção governativa concreta, de que fora afastado pelo violento regresso dos Médici ao governo florentino.
No exílio, que durou até à sua morte em 1527, Maquiavel desenvolveu uma visão desencantada da condição humana e em particular um olhar agudo sobre a política, entendida como a "luta pela manutenção ou conquista do poder". Odiado mas também admirado pela sua capacidade de ver a verdade de frente, sem pestanejar, Maquiavel esteve longe de ser um político cruel e sem princípios. Manteve-se fiel ao sonho da unidade italiana, que só seria concretizado no século XIX, e mesmo quando nos descreve as intrigas e artimanhas de que os "príncipes" são capazes, ele está a prestar um serviço ao iluminar as sombras que a política inegavelmente contém.
Espinosa, o génio português que morreu na Holanda por ser judeu em tempos de sanha inquisitorial, percebeu-o muito bem. Ele interpretou Maquiavel como um defensor do povo que usava o expediente de, aparentemente, se dirigir aos príncipes. Na verdade, as perfídias destes eram denunciadas com tanta veemência, que, dizia Espinosa, a intenção de Maquiavel só poderia redundar na defesa do povo, através das boas leis e de instituições funcionais, que Espinosa não hesitava, no distante século XVII, em chamar pelo nome: democracia.
Uma lição cuja utilidade perdura.
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