sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Passadiços no Paul do Taipal

Via Diário de Coimbra
"Como uma aparente boa ideia resultou num atentado à biodiversidade e num desbaratar de recursos públicos.
A conferência de imprensa convocada ontem pelo professor da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) e especialista em aves, David Rodrigues, constituiu um «grito de desespero», manifestando publicamente as suas reservas à construção de um passadiço no Paul do Taipal, projeto da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, com o aval do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)."
Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, David Rodrigues «frisou que se trata de uma “Zona de Proteção Especial e importante para da União Europeia em termos da conservação das aves”. Segundo o professor da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), a infraestrutura colocará em causa a biodiversidade, através da presença humana. No Paul do Taipal coexistem milhares de aves de várias espécies, com predominância para os patos, que ali encontram “um refúgio seguro”, já que, naquela zona, “a caça está proibida”
Nas plataformas de observação de aves, defendeu David Rodrigues, “o que se pretende é que o público consiga aproximar-se das aves sem as perturbar, e para isso são utilizados observatórios”. A diferença entre observatórios e miradouros como os que estão a ser construídos é que, nos primeiros, “as pessoas conseguem ver os animais sem serem vistas” e os segundos são “para se apreciar a paisagem”. A presença humana “espanta as aves”
A construção dos passadiços, pela autarquia montemorense, numa zona tutelada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que autorizou a obra e aprovou o projeto, tem sido alvo de ações judiciais, por parte dos contestatários. No entanto, até agora, não surtiram efeito.» 
Opinião contrária tem o Presidente da câmara de Montemor-o-Velho. Ouvido pelo DIÁRIO AS BEIRAS disse que “os passadiços estão construídos em cima de um caminho público e, até hoje, não se viu que espantasse o que quer que seja, nem durante as obras”. 
Emílio Torrão acrescentou: “aquele espaço passará a ter vigilância e a ser preservado de acordo com as regras do ICNF e não com as regras de outras pessoas”
Para Emílio Torrão, o Paul do Taipal é uma zona húmida que serve de “reserva para todas as espécies e não de uma única espécie de forma artificial, que são os patos”
Para o presidente da câmara de Montemor-o-Velho, «a plataforma em construção destina-se à observação da natureza, “em silêncio e de forma ordenada”, com quatro postos, um deles para investigadores e outras pessoas autorizadas, e um centro de interpretação. Não serão, pois, passadiços para as pessoas circularem livremente, garante Emílio Torrão.»

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