“A preocupação primeira do Governo, do presidente da República e de quem quiser intervir na política deve ser a de olhar para os bloqueios com que o país se debate. Há quatro ou cinco grandes questões que têm que passar para o centro da observação de forma clara, ou vamos andar na reprodução contínua de casos e casinhos, ou de intervenções do presidente, umas vezes a meter a mão por baixo do Governo, outras vezes a dar-lhe uma martelada. Isto não tem interesse nenhum. A questão em que nos devemos centrar quando discutimos hipóteses de futuro, é, em primeiro lugar, como se resolve o baixo perfil da economia e do tipo de emprego. E aí há três coisas a considerar. A desvalorização salarial e das profissões como estratégia da economia não pode continuar. Não é possível termos um futuro melhor se as empresas portuguesas não se posicionarem melhor nas cadeias de valor. Não é possível persistir-se nesta ideia de que o modelo de turismo que temos é a grande salvação e secundarizar-se a industrialização. O segundo grande problema é o demográfico. Não podemos estar a exportar jovens que formámos, quando necessitamos deles, e, por outro lado, não podemos utilizar a imigração como fator de manutenção de baixos salários e de exploração. São os défices na habitação, na mobilidade e na coesão territorial. É o problema da pobreza estrutural, tema a que nem o Presidente da República, nem outras instituições dão grande atenção. É chocante a condescendência com a pobreza que temos.”
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023
Uma entrevista a merecer atenção...
"Não conhecia a capacidade de aceleração para o precipício de António Costa", afirma Carvalho da Silva, numa entrevista conduzida por Domingos de Andrade da TSF e Rafael Barbosa do Jornal de Notícias. Carvalho da Silva elenca os problemas que deveriam ser as prioridades de qualquer governo. A entrevista pode ser lida na íntegra, clicando aqui.
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