"Os políticos, há uns anos, quiseram liberalizar o mercado da eletricidade. Haveria todas as vantagens: o consumidor poderia escolher o seu operador, a eletricidade seria vendida na bolsa ibérica e a produção teria vários fontes que obrigaria a maior concorrência.
Com várias imperfeições - desde logo as opções do consumidor não serem realmente uma escolha no que toca a preços -, o mercado foi-se desenvolvendo até ao dia em que a venda de megawatt de energia do mercado grossista passou de uma média de 30 euros para 130 euros. Mais que triplicou. Os portugueses, que já pagam uma das faturas mais caras da Europa, vão defrontar-se, muito brevemente, com uma subida exponencial do preço da luz. Tanto PCP como o Bloco de Esquerda já estão a alertar para o desastre que vem a caminho, enquanto o grande bloco central se esconde da situação até a ter à sua frente.
Em Espanha, que vive o mesmo dilema, o Governo foi imediato a atuar e baixou momentaneamente o IVA da eletricidade de 21% para 10%. Em Portugal vamos ver o que acontece. Se for como a novela orçamental do ano passado de baixar ou não o IVA da luz, estamos conversados. Não vai dar em nada e as famílias é que sofrem. É bom recordar que agosto converteu-se no mês com o preço da luz mais elevado de toda a história, triplicando o valor de agosto de 2020 (36,2 euros /MWh). O curioso é que nada aconteceu, em termos reais, para que se possam atingir estes valores. Tudo especulação. Nas subidas e descidas do petróleo ainda se justificam com uma guerra aqui ou ali, um desastre natural que afeta a extração, etc. Na produção da eletricidade, nada. As empresas do setor andam a "vender" a solução dos carros elétricos que, para além de menos poluentes - o que é verdade -, também são poupadinhos quando comparado com os combustíveis fósseis.
Este aumento estratosférico do preço da luz faz-nos pensar que, afinal, a eletricidade não será assim tão em conta. É que, na fatura, para além da máquina de lavar a roupa, lavar a louça e frigorífico, juntaram-se agora mais sugadores: computadores, telemóveis...e carros elétricos. E só estamos no início. Os consumidores estão atados."
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