"Antes de se apresentar uma solução, há que perceber um pouco da situação do malfadado edifício “O Trabalho”.
Este edifício obteve aprovação do projeto em 1987, em reunião de câmara com 5 votos a favor de vereadores de todos os partidos, PS, PSD, PRD e PCP, tendo a obra sido finalizada em 1992. É composto por 8 andares e 2 pisos subterrâneos de estacionamento. O rés-do-chão, 1º, 2º e 3º andar com frações comerciais e de serviços e do 4º ao 7º andar com habitações.
O terreno onde foi construído tem 2513 m2 e a área de construção é de 11911 m2 acima do solo, mais 1750 m2 em cave. O que perfaz um índice de construção de 4,7. Uma volumetria manifestamente exagerada, uma total desintegração urbana e uma péssima imagem urbanística, incrementadas por tipologias desajustadas (e, provavelmente, por outros motivos obscuros), levaram a que nenhuma fração habitacional fosse vendida e a que as poucas frações comerciais vendidas fossem abandonadas. Encontrando-se há largos anos totalmente devoluto, foi classificado por perito qualificado, como uma “ruína” urbanística, uma vez que, sendo um edifício relativamente recente e construído em betão armado, não apresenta riscos estruturais e, portanto, não é uma ruína física. O proprietário foi quase sempre a empresa Açoreana, Companhia de Seguros, SA, tendo sido recentemente vendido à empresa do ramo imobiliário, Atlantitradiction Lda. O que certamente todos quereríamos era demoli-lo, terminando com o estigma, os problemas de salubridade e com a má imagem que dá ao Bairro Novo, zona tão nobre da cidade. No entanto, o proprietário teria de ser indemnizado, uma vez que não quer perder os seus direitos adquiridos. E, tendo em consideração que o seu valor patrimonial é de cerca de 9 milhões de euros e que o custo de demolição seria aproximadamente de 1 milhão, o município teria de gastar uns largos milhões de euros para o demolir, caso o conseguisse expropriar. Não contando com o risco que a própria demolição traria aos edifícios circundantes
Portanto, julgo que a solução possível passará pelo proprietário fazer uma reabilitação profunda com qualidade, retirar-lhe o estigma, promovendo uma oferta imobiliária que não exista na Figueira da Foz!"
Via Diário as Beiras
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