"Poluição, papel e celuloses", é uma crónica de João Vaz, publicada ontem no jornal AS BEIRAS.
A meu ver, deveria ser lida por todos.
Passo a citar.
" Precisamos da indústria do papel e da pasta. Por várias razões, desde a necessidade de substituir as embalagens de plástico por papel, até à vontade de ter livros em papel. O papel facilmente regressa ao ciclo natural, ao contrário do plástico que persiste na natureza.
A indústria do papel e da celulose na Figueira usa um emissário submarino para despejar o grosso dos poluentes líquidos gerados. O mar serve de esgoto, recipiente das substâncias químicas que a indústria não consegue economicamente “reciclar”. É um sistema arcaico.
O rio Tejo está para a Celtejo como o Oceano Atlântico está para as celuloses da Figueira. No caso do rio, o maior de Portugal, a seca e os transvases conduziram a que a poluição se tornasse muito visível e tivesse tempo de antena. Na Figueira a poluição não tem a mesma visibilidade, mas está lá, diluída no Oceano, a causar mutações.
A indústria tem pouco interesse em revelar as suas próprias análises à poluição lançada no Oceano. E sem pressão da opinião pública, e das autoridades, não há debate sobre a poluição. Os relatórios das empresas não têm uma linha sobre os efeitos da poluição no peixe e nas algas.
Não há informação objetiva acessível sobre o impacto das centenas de toneladas de “Compostos Organoclorados Adsorvíveis” (poluição) lançadas no mar. O mundo académico não se debruça sobre este problema. A sociedade é manietada, não discutimos o que interessa, o mundo que estamos a deixar aos nossos filhos e netos. Até quando?"
Para completar esta excelente crónica do João Vaz, que foca a necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos, deixo um tema também interessante para pensar: não nos podemoss esquecer do quanto é importante deixarmos filhos melhores para o nosso tão maltratado planeta!
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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