sábado, 24 de março de 2018

Meu caro João Vaz:

Oxalá valha a pena o esforço...
A ironia atinge apenas a inteligência. 
Inútil, pois, desperdiçá-la com os que estão longe do seu alcance. Contra estes ainda não se conseguiu inventar nenhuma arma. 
A burrice é invencível.
De qualquer maneira, é com todo o gosto que transcrevo a tua  crónica "Primavera Silenciosa", hoje publicada no jornal AS BEIRAS

"Uma advertência inicial.
O seguinte texto é tão irónico quanto sério.
Exmos. Srs. presidente de junta, caros técnicos, vereadores e presidente da câmara municipal, a utilização de herbicidas para queimar as ervas daninhas nas valetas do concelho é uma atitude de grande coragem. Mostra que os senhores não se deixam intimidar pelo “politicamente correto” dos “verdes”.
Mas, alguém acredita que os herbicidas libertam venenos que fazem mal à saúde?
Isso é conversa fiada de gente que nunca tem que tomar decisões, só sabem criticar.
As valetas devem ser pulverizadas com herbicidas, para fi car assim castanhas, avermelhadas, todas queimadas, e para que as ervas não se vejam.
Os herbicidas causam cancro? Mas alguém provou essa relação? E por acaso os responsáveis públicos são tolos e não sabem o que estão a fazer? Há até biólogos, engenheiros e doutores no executivo camarário. Então eles iriam usar substâncias que envenenam o solo e matam as “joaninhas”? Biodiversidade? Mas, que é isso? Aqueles herbicidas são seguros, certifi cados por “outros cientistas”, usados há décadas. Queimam tudo, até o lixo (plásticos, latas) vai desaparecer, permitindo que a água da chuva passe. E é uma quantidade tão pequenina, umas centenas de litros de agro-tóxicos usados no concelho, o que é isso comparado com o que é usado na agricultura?
“Peanuts”.
E mais um cancro da mama ou da próstata, que diferença é que faz, temos que morrer todos de alguma coisa, não é verdade?"

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