«Chuva sempre houve, não é novidade», indignava-se, ontem, de harmonia com o Diário de Coimbra, Isabel Sousa, uma das comerciantes da Rua da República mais afectada pela segunda inundação naquela artéria da baixa da cidade no espaço de cinco dias.
«Fizeram a pedonalização contra a vontade dos comerciantes, “roubaram” 20 cm à altura da rua e nós é que sofremos os prejuízos, estamos fartos», lamentava, enquanto enxugava, desolada e sem grande sucesso, os móveis e as mercadorias danificados pela água que invadiu a sua retrosaria.
Em tempo.
Do dicionário.
Significado de sarjeta*: "Escoadouro nas ruas para as águas, geralmente da chuva."
"Estado de grande decadência."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
A afirmação de que fizeram as alteraçoes sem consultar os comerciantes, não é verdadeira. Eu mesmo andei pessoalmente de loja em loja a informar do negativo que era transformar a rua em zona pedonal, tive como resposta, de muitos dos comerciantes da altura, que ia ser bom para o comercio. Não adiantou dar-lhes o exemplo do que aconteceu com o bairro novo, que foi assassinado comercialmente com passagem total a pedonal. Aão era dificil de prever o que iria acontecer a todos os niveis. Agora, o remédio é lamentar.
Enviar um comentário