"O Vara é mesmo burro, andou metido na corrupção e pensava que se safava. Então ele não sabe que não tem pedigree, pá?! É de família pobre e queria ser rico à pressa. Não sabe que não pertence à classe dos intocáveis? É mesmo nabo. Do sucateiro nem é preciso dizer mais nada. Se tivesse levado um banco à falência, ah! isso já era outra coisa." (daqui)
Em tempo.
Eu também estou em choque, por ainda não ter "acontecido nada"...
Armando Vara foi condenado a cinco anos de prisão efectiva. Mas saiu do Tribunal tranquilamente, em liberdade, sem incómodo. Esta situação anómala e vergonhosa resolver-se-ia de forma simples. Bastaria tão-só que os recursos não suspendessem o cumprimento das penas. Houvesse vontade.
De cada vez que alguém com recursos económicos é condenado, a regra é recorrer. Da primeira instância recorre para a Relação, de seguida para o Supremo e, se for caso disso, ainda para o Tribunal Constitucional. Os recursos económicos compram recursos judiciais. Como estes têm o efeito de suspender as penas, os ricos jamais são presos. As decisões dos tribunais são assim desacreditadas. Nem são verdadeiramente decisões, as sentenças representam apenas uma das muitas etapas de processos intermináveis.
"Crise foi provocada pela corrupção, não pelos excessos"...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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