Sou do tempo em que se dizia que Portugal era um país dos três efes: Fátima, fado e futebol. Eram os tempos do obscurantismo em que o temor a Deus, a virtude da pobreza e da castidade eram meio caminho andado para o reino dos céus.
Quem acompanha a nossa comunicação social, dá facilmente conta que os comentadores chamados residentes, são de direita: começando por Marcelo, antes de ser presidente. Agora temos Marques Mendes, Paulo Portas. Poiares Maduro, José Gomes Ferreira, Manuela Ferreira Leite, etc...
O curioso é que muitos «acreditam» no que dizem, mesmo que tentem apenas adivinhar.
Não fazem a análise política dos factos, criam esses mesmos factos. Não são analistas, jornalistas ou comentadores políticos: no fundo, são bruxos.
O curioso é que muitos «acreditam» no que dizem, mesmo que tentem apenas adivinhar.
Não fazem a análise política dos factos, criam esses mesmos factos. Não são analistas, jornalistas ou comentadores políticos: no fundo, são bruxos.
Pedro Tadeu, neste texto resume isso na perfeição.
«Estive a fazer uma lista das previsões realizadas nas últimas 72 horas pelos analistas, jornalistas e comentadores políticos que pululam por aí: são muitos, mas a esmagadora maioria pensa mais ou menos da mesma maneira, o que é monótono. Como espetáculo é mesmo uma maçada. Porém, por isso mesmo, é fácil fazer uma síntese do que encontrei:
António Costa pode ganhar as eleições legislativas de 30 de janeiro.
Rui Rio pode ganhar as eleições legislativas de 30 de janeiro.
Vai haver Bloco Central.
A crise política favorece o Chega.
A crise política prejudica o PCP.
A crise política afeta o Bloco.
O CDS vai desaparecer.
A Iniciativa Liberal pode subir.
Do PAN não se fala mas pode ir para um governo PS.
Vamos ter crises políticas sucessivas.
A seguir fui fazer uma lista das previsões falhadas e das notícias erradas nos últimos seis anos e que foram transmitidas ao povo português pelos tais analistas, jornalistas e comentadores políticos, essa pequena multidão freneticamente preocupada, minuto a minuto, com os destinos da Nação.
Lembrei-me destas:
Paulo Rangel ia ganhar as eleições internas do PSD e Rui Rio saia da vida política.
Fernando Medina ia ganhar as eleições na Câmara de Lisboa.
O PCP ia aprovar todos os orçamentos do PS.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, ia ser "remodelado".
Em eleições legislativas, Rui Rio iria ter o pior resultado de sempre do PSD.
Francisco Rodrigues dos Santos ia perder a liderança do CDS.
Nuno Melo ia conquistar o CDS.
O PSD de Rio não ia aceitar o apoio do Chega nos Açores.
O Chega ia roubar votos à CDU nas autárquicas.
A Iniciativa Liberal ia ter imensos votos em Lisboa.
António Costa ia remodelar o governo.
Passos Coelho ia voltar.
O PS ia conseguir aprovar todos os orçamentos da legislatura.
Em eleições legislativas, Rui Rio iria afundar o PSD.
Marcelo achava que Costa ia para Bruxelas.
Os cuidados intensivos não iam aguentar a pandemia.
O Serviço Nacional de Saúde ia entrar em colapso.
A ministra da Saúde, Marta Temido, ia ser "remodelada".
Passo Coelho ia voltar.
A Festa do "Avante!" ia espalhar a pandemia.
Iam faltar testes à Covid-19.
A União Europeia ia entregar vacinas rapidamente.
Luís Montenegro ia vencer Rui Rio.
Costa ia convencer Centeno a ficar no novo governo.
Rui Rio ia ser uma tragédia para o PSD.
A "geringonça", na segunda legislatura, ia ter um acordo escrito.
António Costa ia demitir-se por causa da lei de contagem do tempo de carreira dos professores.
O ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues ia ser "remodelado".
O roubo de Tancos ia ser classificado como "ato terrorista".
Joana Marques Vidal ia sair da Procuradoria-Geral da República.
Joana Marques Vidal ia ficar na Procuradoria-Geral da República.
Afinal, Joana Marques Vidal saiu mesmo da Procuradoria-Geral da República.
Passos Coelho ia voltar.
Assunção Cristas ia fazer do CDS o maior partido da direita.
Rui Rio ia perder para Santana Lopes.
Não ia ser possível aumentar reformas e pensões.
O IRS não ia baixar.
O Novo Banco não ia custar dinheiro aos contribuintes.
A União Europeia ia sancionar Portugal por causa das medidas da "geringonça".
O "rating" da dívida pública de Portugal ia descer.
Os juros da dívida iam subir.
Passos Coelho ia ficar na oposição.
Marcelo não ia aceitar as contas orçamentais de António Costa.
António Costa ia demitir o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.
O PS não ia aceitar as exigências do PCP e Bloco.
A "geringonça" não ia cumprir os compromissos com Bruxelas.
A "geringonça" ia levar o país à bancarrota.
A "geringonça" só ia durar um ano.
Cavaco Silva não ia dar posse a um governo apoiado por PCP e Bloco.
Não ia haver governo PS.
Faço então um balanço sobre a utilidade, o rigor e a inteligência do jornalismo político português e, irritado, espanto-me com a minha estupidez de viciado em intriga palaciana: mas por que carga de água ainda oiço esta gente, que nada diz ao país?!»
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