"A assembleia municipal extraordinária dedicada ao novo PDM voltou a revelar a difculdade quer deste executivo, quer da força maioritária na assembleia, em lidar com processos de amplo debate democrático. Há um receio em dar a cara e ouvir o povo em debates públicos potencialmente polémicos. Obviamente que não é fácil encarar uma plateia para discutir o PDM, sobretudo quando já sabemos que a única motivação de alguns presentes será o interesse próprio, como construir uma “maison” em terreno agrícola, ou outras atrocidades semelhantes. Ninguém disse que era fácil, mas também ninguém obrigou os eleitos a se apresentarem a eleições. Foram eleitos para os momentos simpáticos, inaugurações com grande pompa e porco no espeto, mas também foram eleitos para lidar com debates difíceis como é este do PDM. Não serão momentos agradáveis, mas é também para isso que foram eleitos e são pagos pelo erário público. Por exemplo, entre as questões muito concretas a que este executivo terá que responder está a dentada que o PDM vai permitir ao que resta do corredor verde que segue o curso de água que vai da serra e atravessa as Abadias, permitindo construção sobre os terrenos do horto municipal. Em vez de valorizar e desenvolver aquela linha natural que poderia contribuir para aumentar o bem-estar coletivo, constatamos que o interesse de uma grande superfície se sobrepõe ao interesse público."
OUVIR O POVO, uma crónica de Rui Curado da Silva.
Nota de rodapé.
Longe vão os tempos, mas eu tenho alguma memória, em que as palavras de Abraham Lincoln "A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo...", tiveram algum significado na Figueira!
Hoje, não passa de uma frase bonita...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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