quinta-feira, 19 de outubro de 2023

"Epistemologia do logro"?..

Foto Fernando Negreira
Em política há sempre coisas básicas para aprender.
Nomeadamente, as diferenças substanciais, que existem, entre os aparelhos partidários e as bases.
E entre as bases e o eleitorado em geral.

Dois exemplos.
Comecemos pelo mais presente na memória, especialmente, dos figueirenses.
Em 2021, Carlos Monteiro controlava o aparelho e as bases do PS/Figueira.
Todavia, como a realidade comprovou, não conseguiu perceber a tempo a importância do relacionamento entre a base do PS local e o eleitorado figueirense, em geral.
O PS ganhou 11 freguesias em 14. Tem a maioria na Assembleia Municipal.
Todavia, perdeu a eleição para a presidências da câmara municipal.
Porquê?
A resposta é óbvia: Carlos Monteiro, aparentemente, porque tinha poder político, controlova o aparelho do PS/Figueira e as bases.
Contudo, o mesmo já não acontecia, a meu ver por culpa própria e dos mais próximos, com o eleitorado figueirense em geral.
Como tal o PS/Figueira, em 2021, ganhou. Carlos Monteiro foi derrotado.
E não venham com a explicação simplista do factor Santana Lopes.

Segundo exemplo.
Este aconteceu já há alguns e com outro partido.
O aparelho do PSD teve a peregrina ideia de, em 1995, contra tudo e contra todos, no Congresso do Coliseu, eleger Nogueira em detrimento de Barroso, então à revelia do sentimento generalizado nas bases e no País.
Em 1995, os resultados foram uma catástrofe para o PSD.
Mas, Cavaco ajudou...
Como recordou Ângela Silva, em 2015, no Expresso. 
"Fernando Nogueira jogou a cartada “uma maioria, um Presidente” e Cavaco tirou-lhe o tapete. Com Guterres à perna, Nogueira sonhou com o efeito dupla para subir nas sondagens. Mas Cavaco Silva desmentiu-o: ''Não tomei nenhuma decisão''. Em menos de um mês, Cavaco anunciaria que era mesmo candidato. 
Quanto a Nogueira, perdeu as legislativas e deixou a política."
Fernando Nogueira acreditava que o sonho de “uma maioria, um Presidente” lhe podia dar o élan decisivo na reta final da campanha para vencer Guterres.
A 1 de outubro, António Guterres ganhou as legislativas e o PSD apenas conseguia roubar-lhe a maioria absoluta. 
Durão Barroso, inimigo de estimação de Nogueira desde os tempos do cavaquismo, entra na sede do partido, onde a noite eleitoral parece um velório, e faz um apelo a Cavaco para que se candidate a Belém. 
O PSD estava deprimido e precisava de uma vitória.
Depois de derrotado em 1999, em 2002, Durão chegou finalmente a primeiro-ministro.
Porém, rapidamente zarpou para Bruxelas. Em 2004, Durão Barroso deixava o cargo de Primeiro-Ministro para se tornar Presidente da Comissão Europeia.
Seria substituído no cargo por Santana Lopes.

Santana Lopes, em 2021, voltou a ganhar a CâmaraMunicipal da Figueira da Foz.
Conforme vários vários órgãos de comunicação hoje noticiam Santana, afasta-se da corrida a Belém para 2026.
Em política há sempre coisas básicas para aprender.
As diferenças substanciais que existem  entre os aparelhos partidários e as bases.
E entre as bases dos aparelhos partidários e o eleitorado em geral.

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