segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Há fatalidades assim, como diria o outro: ... fatais como o destino.

Via Expresso
«O presidente do PSD considerou que o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) é "pipi, bem apresentadinho e muito betinho que parece que faz, mas não faz" porque tem "impostos máximos e serviços mínimos". "É assim uma espécie, mais uma vez, de um orçamento pipi, de um orçamento que aparece bem vestidinho, muito apresentadinho, mas que é só aparência, é assim muito betinho, parece que faz, mas não faz, apresenta objetivos, apresenta ideias, mas depois não concretiza nada", afirmou Luís Montenegro, na intervenção de abertura do Conselho Nacional do PSD, que decorre na Maia, no distrito do Porto.»

Perante a escassez de qualidade, é fácil perceber a actual indiferença do eleitorado em torno do Partido Social Democrata.
Nunca votei no PSD. 
Porém, a indiferença deveria preocupar os seus responsáveis.
É que não faz muito sentido que os analistas aumentem o tom de crítica e a impaciência em relação aos tiques autoritários do Governo de António Costa e, depois, mostrem indiferença perante a falta de alternativa.

Uma democracia saudável necessita de projectos alternativos, sob pena de chegarmos àquilo em que estamos precisamente a cair — numa nova ditadura da maioria, agora cor-de-rosa, 36 anos depois da ditadura laranja
Leia-se: maioria absoluta de Cavaco. Há 36 anos, precisamente a 9 de julho de 1987, Aníbal Cavaco Silva lucrava com o regresso às urnas, conquistando mais de metade da votação. Logo nessa noite, o líder social-democrata justificou o resultado com o reconhecimento do seu trabalho e a necessidade de estabilidade. 

Soa familiar? 
Três décadas e meia depois, os papéis dos partidos no poder e na oposição inverteram-se, mas as circunstâncias que deram a António Costa a sua primeira maioria absoluta tiveram contornos semelhantes.
Olhando para a alternativa a Costa, Montenegro fica abaixo da dimensão de outros líderes do PSD.
Há, aliás, quem pense que no actual PSD existem soluções melhores.

Contudo, esse, é outro problema e tem a ver com o modo como se faz política em Portugal, sobretudo, nos chamados partido do "arco do poder": não se reconhece, nem valoriza, quem vai a jogo, quem arrisca, quem dá a cara em momentos menos oportunos e difíceis.
Em vez disso, o passatempo é teorizar sobre putativas soluções salvíficas que passam por figuras que nunca se mostraram disponíveis em arriscar parte do seu crédito político e profissional, quando as coisas não estão de feição para o seu partido, eleitoralmente falando.

Portanto, adiante. A política é «o momento, o homem e a as suas circunstâncias»
Deixemos em paz os D. Sebastiões que se recusam a sair do nevoeiro.
Paremos, pois, de imaginar soluções milagrosas. 
O mundo real é o que temos.
O Povo português terá que continuar a escolher o seu caminho. 
Temos o que temos desde 1978, porque o Povo português escolheu.

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