terça-feira, 17 de outubro de 2023

As "geringonças" e a coerência de Paulo Rangel

Em Novembro de 2021, a vitória de Rui Rio sobre Rangel foi uma colossal derrota do aparelho do PSD perante os militantes do partido.
"Surpresa, desânimo, estupefação", foi o que tiveram de digerir os seus apoiantes, muitos deles notáveis ou dirigentes distritais e concelhios.
Com a derrota, Rangel voltou para Bruxelas para acabar o mandato.

"Deputado Euro-endinheirado do PSD", é especialista em "geringonças".

Em outubro de 2020 o eurodeputado social-democrata desdramatizou a influência do Chega na formação de maiorias nos Açores.

Agora, o Notícias ao Minuto noticiou que « Paulo Rangel comentou na rede social X (antigo Twitter) as "grandes notícias" que vieram da Polónia, este domingo, com o resultado das eleições.

Para o deputado europeu, o resultado dá uma "grande esperança" à Europa, uma vez que a Plataforma Cívica de Donald Tusk e os seus parceiros obtiveram "uma maioria confortável" que pode vir a por fora do poder os conservadores populistas do Lei e Justiça (PiS).

"Uma viragem fundamental para a União Europeia e para a democracia liberal", salientou o vice-presidente do PSD.

As palavras de Rangel foram, contudo, criticadas por José Gusmão, deputado europeu do Bloco de Esquerda (BE) que recordou que o PSD, que agora vê com bons olhos uma "geringonça polaca", viu como um "golpe" a geringonça formada pelo PS, PCP e BE, em Portugal, em 2015.

"Para quem não tenha reparado, a Plataforma Cívica não foi o partido mais votado, mas vai haver um acordo maioritário de várias forças, incluindo de Esquerda. Em 2015, o PSD chamava a isto um golpe. É bom ver a derrota da extrema-direita e também esta evolução do PSD", escreveu também na rede social X o bloquista.

Rangel não deixou o colega do Parlamento Europeu sem resposta e garantiu que, pelo menos ele, nunca viu a geringonça portuguesa como um golpe, "bem ao contrário".

"Caro José: a mim nunca me ouviu falar em golpe a esse propósito. Bem ao contrário. Sempre defendi no meu ensino, disse-o em 2015 e mantenho: legitimidade constitucional e política de maiorias formadas no parlamento (mesmo que não lideradas pelo partido vencedor)", recordou, defendendo, contudo, que a situação na Polónia é bem diferente, uma vez que os eleitores deste país sabiam que existia essa possibilidade.

"O problema politicamente pode ser outro e foi em 2015: poderiam os eleitores, ao votar, ter a expectativa desse entendimento? Nas eleições polacas de 2023, sabiam bem disso. Em 2015, em Portugal, votaram na total ignorância dessa possibilidade", concluiu.»

A memória é curta e desde 2015 já passaram 8 anos.

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