Via Diário as Beira. "Receios fundados!"
"Há um ano atrás nesta mesma coluna de opinião não opinei,
apenas estranhei e receei o que se afigurava para Buarcos na então
iniciada intervenção de regeneração urbana. Temia o retrocesso
de um traçado oceânico moderno e de contiguidade da principal avenida da
cidade, temia um estreitamento da via, inútil e prejudicial, e o
sacrifício dum coberto vegetal consolidado há muito e que sombreava uma
zona de jardim importante, usada e vivida pelos cidadãos.
Esperei para ver e finalmente opino. Não há qualquer coerência
naquela intervenção, nem física nem funcional, e estética parece-me
também duvidosa. O antigo jardim tornou-se numa imensa mancha
desabrigada e inóspita replicando a aridez do areal da praia. O
estrangulamento é total quer se chegue pela circular, pela rua Rancho
das Cantarinhas ou pela avenida do Brasil.
Se a ideia era o estrangulamento do acesso está conseguido,
mas não satisfeita troquei impressões com os comerciantes da zona,
imaginava-os fartos de obras mas entusiasmados com o resultado final,
também me enganei… queixam-se dos difíceis acessos que só
“espantam os clientes” e que “não estávamos bem mas agora ficou pior”,
os meus receios eram fundados! Se há intervenções justificadas já outras
nem se percebe a sua razão de ser, nem a quem servem, nem o benefício
que podem trazer para a cidade. Se a coerência desta intervenção é
inexistente e a sua utilidade é nula, então só cumpre o propósito
politico, aquele do “fez-se obra”!"
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