A Aldeia dos blogues não é, como se diz por aí, um retrato fiel do mundo fora internet.
É pior, muito pior.
É um mundo onde há nicknames, identidades inventadas, máscaras, maledicência, perigo, impunidade, anonimato e covardia, muita covardia. Onde pessoas habitualmente controladas pelos travões sociais, podem esquecê-los e agir como se fossem donas do mundo.
É uma amostra, não da vida real com os seus travões sociais, mas do que se passa na parte mais profunda da consciência individual.
A coberto do anonimato, alguma gente, é capaz de actos e afirmações que nunca faria pessoalmente, seja por covardia, seja por medo de represálias...
Ao longo da minha já longa vida, nunca fui de carneiradas, não era agora que ia passar a ser...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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