Os tempos que passam não são (nem estão...) fáceis para ninguém.
São apelativos ao desencanto, ao desânimo e à resignação.
Convidam, no mínimo, ao realismo e ao pragmatismo - no fundo à desistência.
E no entanto nunca foi tão importante estar atento, gritar e resistir como agora. Estar atento aos factos consumados, gritar contra as verdades absolutas (que o são hoje, não o eram ontem e já não o serão amanhã).
Ricardo Salgado, por exemplo, não se considera responsável pela queda do BES.
Numa conversa com o “Diário Económico”, um mês após ter deixado a presidência do Banco Espírito Santo (BES), que vai “lutar pela honra e dignidade, minha e da minha família”. Disse Salgado.
Porém, não quis fazer declarações sobre o caso BES...
Mas, sabe-se, Salgado vai continuar a fazer aquilo que sempre fez...
Quando interrogado “como se sente depois de passar de um dos homens mais poderosos do país a uma situação em que é estigmatizado como um bandido”, o ex-administrador do BES e do GES cita uma frase do Papa Francisco, uma das várias que utiliza durante o encontro relatado nas páginas do jornal: “Não chores pelo teu sofrimento, luta pela tua felicidade”.
No seu escritório improvisado, Ricardo Salgado, que durante anos foi bajulado e que estava sempre acompanhado de um séquito, tem agora como companhia a secretária de toda a vida e mais duas ou três pessoas.
Não se mostra, todavia, preocupado e volta a citar o Papa Francisco: “Não chores pelos que te abandonaram e luta pelos que estão contigo”.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
Espero não o ver nunca em Fátima e muito menos no 1º de Maio. Carlos Moço
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