sexta-feira, 11 de abril de 2014

Na Figueira, nunca serei turista

foto António Agostinho
Quem vive e escreve com autenticidade expõe-se e corre riscos.
Escrever com autencidade sobre uma terra e os seus habitantes, não é apenas dizer "coisas bonitas e agradáveis”.
É também revelar matéria desagradável e sombras. É também falar das contradições das pessoas e das sociedades. É também focar  atitudes e nomear gestos que podem estragar a fotografia a alguém.
Quem só escreve o bonitinho - no romance, na poesia, no ensaio, na crónica, no blogue, no facebook - está a desrespeitar a vida e aquilo que merece consagrar: o caos de existir.
A capacidade que cada um tem de se superar num gesto e de se despenhar no gesto seguinte. De gostar e de não cumprimentar o vizinho. Desde os gregos que é assim. A maior armadilha da vida e da arte acontece quando quer ser uma forma de dourar a pílula.
O escritor não é o turista. A literatura nunca foi  mandar postais.  Eça, por exemplo, nunca mandou as nódoas para debaixo do tapete.
O artista inofensivo tem sempre votos de louvor da câmara municipal ou da junta de freguesia. Esse, nunca foi o meu objetivo...

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