“Os reformados já tinham uma organização, APRE! (Associação
de Aposentados, Pensionistas e Reformados), e amanhã será fundada outra, o MRI.
Eu teria preferido CHIÇA!, uma interjeição ainda mais dura, embora admita que
fosse difícil encontrar uma palavra com a letra inicial Ç. Mas o momento é de
abandonar as interjeições e ir pela explicação por extenso do estado de alma
dos associados: MRI quer dizer Movimento dos Reformados Indignados. Ora este
MRI - não é de mais repeti-lo: Movimento dos Reformados Indignados - vai ser
presidido por Filipe Pinhal, ex-presidente de banco (BCP) e atual beneficiário
de uma reforma de 70 mil euros mensais. É um pouco como se a Diana Chaves se
tornasse tesoureira da Associação das Feias de Portugal. Ao "ai aguenta,
aguenta!" de um banqueiro, ontem, responde, amanhã, um ex-banqueiro que
não aguenta. Pôr um ex-presidente de banco que ainda há meses foi condenado a
pagar multas de 800 mil euros por deslizes financeiros a liderar pensionistas
que tiveram cortes nas reformas de 1350 euros é contradição das boas, capaz de
gerar unidade nacional. Estamos todos no mesmo barco da indignação: do
banqueiro ao cabouqueiro. Que este, por razões egoístas e prosaicas - ganha
pouco - se indigne, não merece duas linhas de crónica. Admirável é o outro, que
apesar de ter um milhão por ano de reforma ainda se indigna. O único contra que
vejo é irrelevante: faz-me desconfiar de tanta unanimidade.”
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