sábado, 10 de julho de 2010

Portugal, Julho de 2010, 36 anos depois do 25 de Abril de 1974...

Em Julho de 2010, 36 anos depois do 25 de Abril de 1974, a crise está aí, pujante, tenebrosa e avassaladora.
Muitas pessoas, com quem me cruzo no dia a dia, culpam o 25 de Abril da desgraça em que nos encontramos. Muitos deles, até suspiram por Salazar.
A memória é curta. Se bem me recordo ainda, entre outras, foram importantes conquistas de Abril para quem trabalha:

- Liberdade sindical;
- Direito à greve;
- Direito à negociação colectiva;
- Constituição de comissões de trabalhadores;
- Institucionalização do salário mínimo nacional;
- Direito a um mês de férias e respectivo subsídio;
- Generalização das pensões de reforma e do subsídio de desemprego.

Isto é verdade. Mas, também temos de reconhecer que 36 anos depois da conquista destes direitos, chegámos aqui:

- cerca de 2 milhões de trabalhadores precários;
- 900 mil trabalhadores são falsos recibos verdes, que nunca terão direito a subsídio de Natal ou de férias;
- 700 mil desempregados. Cerca de 300 mil dos quais não recebe subsídio de desemprego;
- precarização no mundo do trabalho, que tem destruído a contratação colectiva, a sindicalização e a implementação de comissões de trabalhadores.

Mas, tudo isto não aconteceu por acaso e não é culpa do 25 de Abril.
Tem responsáveis: são todos aqueles e aquelas, que ao longo de mais de três décadas de alternância governativa, dita democrática, têm vindo conscientemente a destruir os direitos conquistados com o 25 de Abril, tornando mais penosa a vida de quem, com honestidade e competência, vive apenas do fruto seu trabalho honrado.
O resto, é areia que nos tentam atirar para os olhos, num tempo em que a politica parece resumir-se a políticos impostores que nos sobrecarregam com um crescente agravamento de impostos.
Tudo, ao que dizem, a bem do interesse nacional, seja lá isso o que for.
Eu, que ainda possuo um resto de memória, ainda me lembro do tempo em que era tudo a bem da nação, fosse lá isso o que fosse!..

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