foto Pedro CruzCá pela Aldeia da Cova-Gala, nota-se um fenómeno de esgotamento, de cansaço...
Segundo os cérebros, entre 1994 e 2009, houve uma verdadeira cavalgada em São Pedro: a acreditar na verdade única e oficial, até parece que fomos a freguesia que mais cresceu e se desenvolveu em Portugal!..
Tivemos uma mudança demográfica, outra nos costumes, outra na paisagem urbana - cimentou-se, cimentou-se, algo de absolutamente fantástico!..
De repente, porém, chegámos a 2009, e percebemos que não tínhamos inovado nem criado assim tanto!.. Fizemos largos, ruas, rotundas, blocos de apartamentos, colocámos tapetes de alcatrão, construímos o portinho da gala com os armazéns de aprestos, ainda não utilizados, nem inaugurados, e já a caminho da ruína, construímos as passadeiras da praia – mas, qualquer Terra, com um cheque na mão, teria feito isto e muito mais…
Mas não criámos emprego para a juventude, não incentivámos novos projectos, não promovemos novos produtos, não criámos espaços para a cultura e o desporto, não arranjámos condições para a terceira idade... Resumindo: não olhámos para as pessoas da Aldeia da Cova-Gala.
E estivemos próximo de perder muito do que ainda temos: demos cabo de parte da floresta e íamos dando cabo de mais, deixámos quase morrer a pesca, demos cabo da nossa orla marítima, vendemos a nossa verdadeira identidade "por uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma"...
Quatro coisas imperdoáveis, quatro erros históricos.
Mas, a Cova-Gala não está doente.
Está, apenas, dependente…
Por enquanto ainda temos o mar!..
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
pois,pois quem lucrou? os empreiteiros, e pouco mais
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