quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Abertura do ano lectivo está à porta

Via Diário as Beiras
«O novo e atípico ano lectivo terá muitas novidades, todas elas em torno de medidas e normas que visam minimizar o risco de infestação pelo novo coronavírus. O desdobramento das turmas, que não pode afectar os conteúdos programáticos nem as actividades extra curriculares, poderá ser uma das opções para reduzir a concentração de alunos. 
Se as escolas optarem por dois turnos, um de manhã e outro de tarde, os alunos do primeiro poderão levar as refeições escolares para casa. 
Os transportes escolares são outra das preocupações das famílias, escolas e autarquias. O concurso para aquele serviço, que inclui transportes públicos, foi lançado pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra. As normas de segurança sanitária a adoptar estão a ser debatidas com as transportadoras. 
Realiza-se amanhã, no Centro de Artes e Espectáculos, uma reunião que juntará representantes da autarquia, das escolas e da autoridade de saúde local, tendo na agenda medidas sanitárias para os estabelecimentos de ensino. 
Acerca do ano lectivo atípico que se avizinha, o vereador da Educação e Formação Profissional Nuno Gonçalves afirmou que o encara “como um enorme desafio, mas com uma confiança que advém da extraordinária relação entre os directores [dos estabelecimentos de ensino] e os responsáveis municipais”
Acrescentou ainda: a transferência de competências, da Administração Central para as autarquias, “permite ao município estar mais próximo da realidade e resolver assuntos de forma mais célere”

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Vicente Jorge Silva (1945-2020)

Morreu Vicente Jorge Silva.
O autor do editorial Geração Rasca? publicado a 6 de Maio de 1994, sobre a contestação às provas globais lançou o debate sobre toda uma geração. 
Foi jornalista, quis ser cineasta, experimentou ser político. 
O primeiro director do PÚBLICO morreu na madrugada desta terça-feira. O corpo estará em câmara ardente a partir das 18h nas Capelas Exequiais da Basílica da Estrela, em Lisboa.

Aprendam com quem sabe: tivessem ido à Festa do Avante!...

Imagem via Diário as Beiras

O que esperar dos "Odoricos" do século 20?

Depois de 46 anos de democracia, esperava que o poder local fosse uma escola de democracia e um viveiro de políticos honestos, competentes e empenhados com o bem comum. A proximidade em relação aos cidadãos, o fato de estar em causa a resolução de problemas das localidades, a proximidade entre eleitos e eleitores, são factores que me levaram a pensar que isso seria possível.

Como escrevi em 15 de Setembro de 2006 (já lá vão quase 14 anos), «com a “Revolução dos Cravos”, o poder local passou a ser encarado de outra maneira. As populações desejaram que, nas autarquias, o poder político se aproximasse dos cidadãos.

Muitos de nós, nos primeiros anos após o 25 de Abril de 1974, chegámos a acreditar que passaria por aí o incremento de uma cultura política de cidadania activa, capaz de neutralizar a cultura de submissão e de autoritarismo.

Para se ter transformado este desejo em realidade, teria sido condição inadiável, que o novo país democrático tivesse descentralizado e regionalizado o poder político e administrativo. O que não aconteceu.»


Como sabemos, até na Aldeia, as regras do jogo foram pervertidas. Em vez de escolas de democracia e de boas  políticas, postas em prática por políticos preocupados com a sua Terra e o seu povo, as autarquias  transformaram-se em pequenas ditaduras e em escolas de velhacaria. Onde deveria haver transparência, temos opacidade; onde deveria haver apelo à participação do povo,  passou a existir pressão para que as pessoas não coloquem questões ou exerçam o seu dever de cidadania; onde deveria haver espaço para o debate passou a imperar o despotismo e a vontade imperiosa do mando absoluto e arbitrário.


É mais fácil perverter a democracia numa pequena autarquia do que numa autarquia de uma capital ou no governo de um país. Numa pequena autarquia, todos os cidadãos estão ao alcance do poder. Exigia-se, por isso que os autarcas tivessem sido criados numa boa escola democrática e, assim, resistirem à tentação de não condicionar a liberdade de cada cidadão. 

Um autarca de um pequeno concelho e ou de uma Aldeia tem muito poder: pode mandar multar, complicar uma licença, retirar um subsídio, cortar nas ajudas de custo de um funcionário, facilitar um transporte para uma ida ao "Preço Certo".

É fácil instalar a cultura do medo. A auto censura faz o resto: leva muitos, incluindo a oposição, a remeter-se a uma postura de silêncio. 

A um autarca sem valores e escrúpulos,  é relativamente fácil transformar os funcionários de uma câmara na sua tropa de choque. Aos que não são do seu partido, cria mecanismos para que se abstenham de opinar  e de participar em actividades políticas.


As fragilidades da comunicação social, podem ser aproveitadas para transformar esses órgãos  de comunicação social em veículos informativos oficiosos.

Se os donos da comunicação social, tiverem empresas que podem lucrar com encomendas feitas pelas autarquias é ainda mais fácil tê-los do lado do poder. 

Um pequeno concelho em Portugal, no século 20, em vez de ser uma escola para o exercício da cidadania democrática,  pode fazer lembrar Sucupira e a telenovela brasileira «O Bem-Amado»,  escrita por Dias Gomes.

Perdida a articulação da democracia participativa com a democracia representativa, o poder local afastou-se dos cidadãos.

O poder local, em vez de neutralizar a distância dos cidadãos em relação ao poder central, acabou por reproduzi-la. Agora, é o que sabemos. Oportunistas de todos os matizes proliferam em muitas autarquias.

O que esperar então do poder local?

À luz deste diagnóstico, continuo a acreditar que o futuro do poder local continua a passar pela democracia participativa. A força e a legitimidade que ela conferiria ao poder local, seriam as armas mais eficazes para mobilizar a seu favor o poder central. Mas, será que isso, no país real que temos, irá alguma vez acontecer?

Por diversos factores, a maioria dos cidadãos, sejam de esquerda ou de direita, têm a liberdade de opinião, de pensamento e de acção, condicionada.

Que o mesmo é dizer: a democracia e o exercício da cidadania também estão condicionadas.

A decisão está tomada...


Ana Gomes é candidata a Presidente da República

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Covid 19 na Figueira da Foz

 62 casos confirmados

PONTA DO ICEBERG DE PROMISCUIDADES

"Assessores, críticos, editores, jornalistas e políticos estão cada vez mais articulados e sintonizados, com grande prejuízo da informação, transparência e rigor. 
Foi com espanto, ou não, que ficámos todos a saber que a promiscuidade também se faz sentir, e de que maneira, no reino da comunicação social. 
Num longo ensaio publicado na revista sábado, João Pedro George destapa o véu sobre uma enorme teia de interesses e cumplicidades entre assessores, jornalistas, editores, escritores e afins que "atacam" num suplemento do jornal Público. A leitura revela uma série alucinante de más práticas impensáveis num jornal de referência, deixando qualquer cidadão de boca aberta perante uma factualidade que mais parece ter saído do universo mediático de uma qualquer república das bananas. 
O segundo exemplo ainda é tão ou mais arrepiante. Uma entrevista ao Expresso, dada pelo primeiro-ministro, deu origem a uma série de trapalhadas entre as quais se destaca a retenção de uma notícia - e que notícia! - sem qualquer justificação aos leitores daqueles semanário. Entrevistado e jornalistas concertaram a publicação do anúncio de uma crise institucional para uma data posterior de acordo, certamente, com o interesse de ambas as partes, em detrimento do dever de informação e do respeito pelos leitores. Inimaginável! 
Estes dois exemplos revelam que há uma parte da comunicação social que está transformada num lodo, o qual deixa os jornalistas sem qualquer autoridade ética e deontológica para apontar o dedo ao pântano em que o poder político está afundado há muitos anos. E isto poderá ser apenas a ponta do iceberg...
Consequências? Nada, só silêncios. Se o conhecimento destes dois episódios nos revelam um mundo de opacidades na imprensa também é verdade que nos permite ainda ter esperança na existência de um resto de jornalismo atento, livre e limpo. 
O cancro que está a liquidar a comunicação social é muito mais do que uma questão financeira. Colocando-se a jeito desta forma descarada não há dinheiro que valha para garantir uma informação independente e a salvação do sector.»

Gostam de rir?..

... estejam atentos à actualidade política figueirense! 


Está aqui uma obra emblemática da excelência municipal figueirense! Ninguém pode ficar indiferente a esta obra de arte. Carlos Monteiro, começa, assim, a deixar a sua «marca» nos muros da Figueira da Foz.

Porém, a questão desta aposta (e outras do género...) pode ser colocada de uma outra forma: quanto custa aos cofres municipais (a todos os contribuintes) esta visão moderna dos muros da Figueira da Foz?

A Estátua do Pescador era para estar no centro da rotunda desde 15 de Junho passado, mas só agora a Câmara vai lançar o concurso!..

«A Câmara da Figueira da Foz vai lançar o concurso para a conclusão da mudança de local da rotunda do Pescador, por cerca de 100 mil euros, depois de ter recebido a proposta do autor da estátua, Seixas Peixoto. Esta empreitada conclui a primeira fase da intervenção na frente marítima de Buarcos, incidindo na requalificação do espaço e na base da peça escultórica.» - Via Diário as Beiras, edição de hoje.

Cito, de novo, o Diário as Beiras, edição de 2 de Fevereiro de 2020, página 8.
"Numa terra de pescadores, na conferência de imprensa, lançou-se a rede sobre as obras da frente marítima de Buarcos. Carlos Monteiro adiantou que a estátua do pescador regressará ao centro da rotunda que lhe dá nome até 15 de junho. O autarca ressalvou, contudo, que há concurso de obras públicas que ficam desertos e que continua a faltar mão de obra."

O figueirense comum, como é o meu caso, normalmente distraído, até pensa que a estátua do pescador já tinha regressado ao centro da rotunda, que é onde está, só que da rotunda que existia naquele local, antes desta infeliz intervenção em curso. 
Só que há concursos públicos que ficam desertos e há falta de mão de obra e de pedra...
Distraído como sou, tinha a ideia que as obras na Figueira  estão a decorrer em bom ritmo! Porém, olhando com alguma atenção (não é preciso muita), damos conta que, na realidade, tal não acontece, nem nesta nem em nenhuma obra actualmente em curso no concelho da Figueira da Foz. 
Só que o presidente da câmara é político. E preveniu em 2 de Fevereiro de 2020, que há concursos públicos que ficam desertos e falta de mão de obra e, mais recentemente, também falta de pedra... Isto, para que, agora, em 7 de Setembro de 2020, ninguém possa dizer que mentiu. 
No fundo, acabou por não garantir quando vai haver estátua do pescador no centro da rotunda.
Na Figueira é sempre carnaval...

Se a concessão falhar, que deve a autarquia fazer com a piscina-mar?..

E que tal tirar da manga os investidores interessados que o presidente da câmara de então, e a “sua” vereadora Ana Carvalho afiançavam que não faltavam em Janeiro de 2017.
Recorde-se.
Algum tempo depois, em 30 de Novembro de 2018 era uma farturinha: havia "dois interessados na piscina-mar"!.. E havia um terceiro em lista de espera!..
Portanto, o futuro para a Piscina-Mar, assim como para a Figueira da Foz, após ler a notícia acima, hoje publicada no Diário as Beiras, com a reconhecida competência e coragem que este executivo camarário aplica no tratamento dos problemas, por mais difíceis e bicudos que sejam, só pode ser pujante, radioso e risonho.
Portugal que meta os olhos na gestão da nossa câmara municipal!
A democracia assenta na igualdade entre cidadãos e na isenção dos que exercem cargos públicos. Com socialistas herdeiros de Mário Soares, Almeida Santos, António Guterres, José Socrates e António Costa, ninguém acredita que, tal como os afilhados de Salazar e de Caetano, promovam na Figueira uma democracia assente em práticas caciquistas. Por mim estou absolutamente descansado com a qualidade dos democratas deste executivo. Ámen.

«A enxurrada de iniciativas anti-corrupção prenuncia uma de duas coisas: ou a República está salva até ao fim do mês, ou o pior está para vir»

João Paulo Batalha

domingo, 6 de setembro de 2020

Festa do Avante! 2020: «nunca houve uma festa como esta»...

Estou a publicar esta postagem no momento em que terminou o discurso de Jerónimo de Sousa. Durou 44 minutos. A festa do Avante! 2020 está a chegar ao fim. Não estive lá. Mas, pelo que tenho acompanhado, pareceu-me ser o que sempre foi. Com algumas novidades, é certo,  motivadas pela covid-19. Nomeadamente, teve menos gente.

Estive na primeira Festa do Avante!, que se realizou a 24, 25 e 26 de Setembro de 1976, na FIL, em Lisboa. Na primeira Festa do Avante,  o grande must foi o "boné à Lenine""Olha a Festa do boné à Lenine", "camaradas comprai o boné à Lenine".

Durante dezenas de anos fui á Festa do Avante!. Por isso, por conhecimento, afirmo que a Festa do Avante! é um caso único em Portugal. Tem muito a ver com a idiossincrasia social e cultural dum partido com 100 anos como o PCP. 

A Festa do Avante! continua a viver de uma micro-cultura criada pela longa participação do PCP na vida política portuguesa, que marcou sucessivas gerações de portugueses. Como afirmam os comunistas, a Festa é “única”. E tanto mais “única”, quanto numa altura de despolitização e de pandemia, em 2020 foi um dos raros momentos em que milhares de pessoas se juntam, tendo como pretexto a política.

Toda a gente sabe que a Festa do Avante! não nos dá música de forma inocente. A Festa tem um papel essencial na identidade comunista, no financiamento do PCP, na política do partido e mesmo na sua propaganda para fora. Na sua “marca”, como agora se diz. A Festa do Avante!, também em 2020, foi  uma das raras iniciativas partidárias que, concorde-se ou não com o PCP, dignificaram a vida política nacional.

"Foi uma Festa marcada pela capacidade e pela responsabilidade".

Duna destruída no Cabedelo por incompetência dos "quens" de direito


Como sabemos, as dunas constituem um ambiente frágil. Qualquer mudança, numa zona sensível como o Cabedelo, perturba a preservação do eco sistema. O problema ambiental, naquele local da freguesia de S. Pedro, já é enorme, pelo que dispensa a incompetência de quem de direito. Nos primeiros dias de junho fiz o filme que publico a seguir.  
É visível o que aconteceu: em vez de limparem as escadas que dão acesso à praia, colocaram tábuas para impedir a subida pelas escadarias com areia. 
O resultado, como se pode ver pela foto acima, está à vista de todos: a duna está fortemente danificada.
Entretanto, os milhões estão a ser gastos num Cabedelo que, hoje, está assim.




Continuação de bom domingo.

Ao menos, cuidem do básico...

De uma autarquia local, junta de freguesia ou câmara municipal, o mínimo que se deveria exigir é que consiga resolver,  com competência, as funções mais básicas das populações - nomeadamente a mobilidade em segurança (caminhos, rede viária; transportes públicos; rede integrada e segura de ciclovias), higiene pública (recolha indiferenciada e separada de resíduos; limpeza do espaço público (saneamento básico (em todas as povoações) e espaços verdes (criação; requalificação; manutenção).
Quando o básico não é tratado com competência, podem surgir problemas...

Isto acontece em todo o lado. Mas, acontece mais em cidades em que a prioridade é aposta em diversão, para além do que é razoável, normalmente contratada por ajuste directo, ou nas avenças anuais continuadas, a meu ver, muito discutíveis. 
Gastam-se largos milhares de euros nisto, que depois faltam para o essencial. Todas estas festas e carnavais também servem para que os munícipes ao votar se esqueçam do que ficou por fazer. 
É o conhecido «pão e circo» do tempo dos Romanos, hoje apenas «circo» pela escassez de recursos. No final, sobra a ausência de pensamento estratégico sobre o futuro do concelho e a definição de grandes objectivos para o médio e o longo prazos. 
Na Figueira é cada vez mais visível a falta de massa crítica que, além das vitórias eleitorais, pense na qualidade de vida das pessoas. O que não se estranha: a falta de massa crítica apresenta-se como natural, pois cada vez mais os candidatos autárquicos são qualificados apenas pelo cartão partidário. A propósito deste regabofe (muito generalizado no país), era bom que os candidatos autárquicos se pronunciassem e os munícipes não se ficassem pela abstenção em valores obscenos: mais de 50%. 

Até a erva cresce por todo o lado. 
Enfim, a Figueira da Foz está muito bem entregue. Parabéns aos que apoiam, elegeram (e, putativamente, vão eleger) estas equipas. Uma palavra também de reconhecimento aos chamados «influentes da aldeia» que têm andado com eles nas palminhas. A minoria dos figueirenses, que têm chegado e sobrado para dar o poder absoluto, a gente que não sabe o que é ser socialista, mas que concorre com o símbolo da «mãozinha», também merece o meu respeito.
Pelos vistos - os últimos 40 anos é a provada disso mesmo - é assim e não podia ser de outra maneira.
Ámen. 

Política politiqueira


«Marcelo Rebelo de Sousa, a picareta falante especialista em tudo o que respira à face da terra, e debaixo de água também, depois de semanas a criar percepções nas pessoas sobre os muitos milhares que devem marcar presença na Feira do Livro, de outros tantos milhares que devem rumar ao Algarve para a Formula 1, e dos milhares que se devem manter o mais longe possível da Quinta da Atalaia, aparece a dizer que não é especialista em regras sanitárias e que a percepção que tem é que as pessoas têm uma percepção negativa sobre a Festa do Avante!

E isto é a política politiqueira elevada a um nível acima do nível da política politiqueira inventada e cultivada pelo especialista Marcelo.»

Imagem: daqui

Texto: daqui

Livre

«Nunca trocaria  a minha vida maravilhosa, por uma barriga mais lisa. À medida que fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Tornei-me o meu próprio amigo...

Não me censuro por comer um cozido à portuguesa, por não fazer a minha cama, por comprar algo supérfluo que não precisava. Tenho o direito de ser desarrumado, de ser extravagante e livre. Vi muitos  que deixarem este mundo demasiado cedo antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem me vai censurar se resolvo ficar a ler, ou no computador até as quatro horas da manhã, ou a dormir até meio-dia? Se me apetecer dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70 e 80. Se, ao mesmo tempo, quiser chorar por um amor perdido... danço e choro. Se me apetecer andar na praia com um calção excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, apesar dos olhares penalizados dos outros, os do jet set, aí vou eu. Eles, também vão envelhecer.

Sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu recordo-me das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos o meu coração foi quebrado. Como não se pode quebrar o coração quando se perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum animal de estimação amado morre? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

Sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter os meus cabelos grisalhos e ter os risos da juventude gravados para sempre nos sulcos profundos do meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes dos cabelos serem de prata. Conforme se envelhece, é mais fácil ser-se positivo e preocupamo-nos menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Ganhei o direito de estar errado. Gosto de ser idoso. A idade libertou-me. Gosto da pessoa em que me tornei. Não vou viver para sempre, mas enquanto cá ando, não vou perder tempo a lamentar-me do que poderia ter sido, e não me vou preocupar com o futuro. Sou livre!»

sábado, 5 de setembro de 2020

Via Diário as Beiras

Sector da sardinha revoltado com tantas restrições


 «Os pescadores da sardinha e armadores da Figueira sentem revolta pelas condicionantes impostas a Portugal pela União Europeia, permitindo que este ano, apenas pesquem 12 mil toneladas, quando a quantidade de biomassa actualmente existente ultrapassa as maiores expectativas. Num estudo efectuado, já este ano, pelo Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO) e pelo Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), constatou-se que, só entre o Golfo de Cádis e Viana, havia 385 mil toneladas de biomassa. A comunidade não compreende como é que, em 2014 por exemplo, com 177 mil toneladas de biomassa podiam pescar 55 mil toneladas e em 2020, com 385 mil, apenas lhes é permitido cerca de 12 mil.»