Na entrevista, no
dia em que o protocolo a
assinar entre o município
e a Universidade de Coimbra (UC) foi aprovado por
unanimidade e a estrada
do Cabo Mondego abriu
ao trânsito, o autarca levou ao
programa as duas mãos
cheias de projetos para
o desenvolvimento do
concelho. Contudo, a materialização de projetos implica
investimentos. No caso
daqueles que Santana
Lopes anunciou, serão,
decerto, verbas muito
avultadas. No entanto, o
autarca figueirense garantiu que, “neste mandato, não haverá dívida
que não seja absolutamente unânime”.
Por outro lado, afiançou ainda,
o município recorrerá a
fundos europeus para as
obras e medidas anunciadas.
Questionado sobre o balanço de nove meses de
mandato, Santana Lopes
mencionou diversos projetos que tem entre mãos,
materiais e imateriais. E
destacou: “Mesmo que
não tivesse vindo fazer
mais nada neste mandato, se só fizesse isto que
aconteceu hoje [quarta-feira, referindo-se à
aprovação do histórico
protocolo com a UC], eu
já me sentiria contente.
Tenho muito mais para
fazer, mas já me sentiria
contente”.
Universidade de Coimbra
no Cabo Mondego
Os imóveis e os terrenos
adjacentes da antiga fábrica de cal do Cabo Mondego estão a ser avaliados
pela câmara municipal,
tendo em vista a sua aquisição para a instalação da
UC, cuja atividade, na Figueira da Foz, arrancará
na Quinta das Olaias.
“Se correrem bem as negociações que estão em
curso, a aquisição é uma
hipótese. Pelo menos,
para uma parte das instalações da UC”, avançou
o presidente da câmara.
A
zona do antigo terminal
rodoviário deverá também ser transformada em
instalações da UC e em residências para estudantes
e outros serviços de apoio
aos universitários.
Santana Lopes apontou
que o objetivo principal
para este manado “é trabalhar para a Figueira
atingir outro patamar de
desenvolvimento”. Isto,
acrescentou: “Para as pessoas poderem viver cá e
serem melhor remuneradas, para a economia
crescer, apostarmos na
inovação e na investigação”.
O autarca apelou a uma
ideia coletiva. “Gostava
muito que todos nós assumíssemos, interiorizássemos isto: o grande
objetivo, o grande lema, a
grande estrada de trabalho é a inovação e a investigação em várias áreas
de atividade. A Figueira,
para dar o salto para este
patamar de desenvolvimento, tem de se destacar
a aí”, advogou.
Nova entrada da cidade
e rua da República
Requalificar a entrada principal da cidade,
pelo lado da estação de
comboios, é uma antiga
ambição de Santana Lopes. Neste seu segundo
mandato, afirmou no
Dez&10, é mesmo para
fazer.
Para o efeito, vai
lançar “um grande concurso de ideias”, com a
colaboração da Ordem
dos Arquitetos. “Achamos que a cidade pode
ser muito mais bonita do
que é”.
“Vamos fazer uma intervenção, desde a rotunda
[de acesso à A14], abrangendo o futuro parque
urbano, até à zona da
estação. Pode passar por
uma solução viária que
esconda mais a zona da
rua de Coimbra e dos armazéns que ali estão, que
ficam ainda mais autónomos para funcionarem
comercialmente”, adiantou.
Ao abrigo desta intervenção, será ainda requalificada a rua da República. Santana Lopes
pretende replicar, nesta
artéria da Baixa da cidade, uma solução idêntica
à Galleria Vittorio Emanuele II, em Milão, Itália.
Ou seja, com cobertura
transparente, a fim de
criar algo semelhante a
um centro comercial de
rua.
Desta vez, é “mesmo”
para levantar voo
A construção de um
aeródromo municipal é
um projeto que Santana
Lopes recupera do seu
primeiro mandato (1997
- 2001), previsto para a
área que entretanto está
a ser utilizada para a expansão da Zona Industrial.
Desta vez, porém,
será construído no futuro parque empresarial
do Pincho.
“Mas vai ser
mesmo para avançar”,
garantiu.
A pista terá cerca de 800
metros e “um pequeno
hangar”.
“Estou a trabalhar para fazer o aeródromo, que está desenhado,
outra vez a meu pedido, pelos serviços da câmara”, adiantou. O investimento, cujo montante
não revelou, “não é muito significativo e faz um
“upgrade” [melhoria] do
concelho”, defendeu.
Campo de golfe
regressa à agenda
Um outro projeto que
Santana Lopes pretendeu
materializar no primeiro
mandato foi um campo
de golfe, de 18 buracos,
na Lagoa da Vela. Mas deparou com a oposição do
então ministro do Ambiente, José Sócrates, que
acabou por inviabilizar o
investimento privado.
Desta vez, no entanto,
anunciou o presidente da
câmara, o equipamento
será projetado para uma
outra zona do concelho,
que não revelou, e terá 24
buracos. O autarca frisou
que, no Centro Litoral,
não há campos de golfe,
equipamentos desportivos que, afirmou, são
“uma razão de atratividade [turística] imensa”.
Novidades
na piscina-mar
Santana Lopes, desde o
início do atual mandato
autárquico, deixou bem
claro que não gostava do
projeto de reabilitação
do complexo municipal da piscina-mar. Por
sua vez, o seu antecessor
Carlos Monteiro, atual
vereador e líder do PS
local, principal partido
da oposição, garantiu-lhe que não se oporá à
decisão que o sucessor
vier a tomar, incluindo a
denúncia do contrato de
concessão, por 50 anos,
concretizada pelos socialistas.
O que estava em causa
era a construção de uma
nova ala, para aumentar
a capacidade hoteleira,
que reduziria a piscina
descoberta. Perante a
oposição manifestada
por Santana Lopes, o concessionário aceitou desistir da concessão. “O que
posso garantir é que não
vai ser a câmara a fazer a
obra”, afiançou Santana
Lopes.
“A ver se conseguimos
um acordo com o concessionário”, disse ainda.
Face a este desenvolvimento, vender o imóvel
ou voltar a concessioná-lo a privados, eis a
questão. “Não excluo nenhuma das hipóteses”,
admitiu. Entretanto, o
complexo turístico continuará fechado e a autarquia prepara-se para
construir uma piscina
natural no areal urbano.
Paço de Maiorca também
é para avançar
Santana Lopes tem uma
solução idêntica à da piscina-mar para o Paço de
Maiorca, ou seja, concessionar ou vender a privados os dois imóveis municipais e classificados.
A
parceria público-privada,
criada por Duarte Silva
(PSD) e desfeita por João
Ataíde (PS) - ambos já falecidos - , resultou numa
fatura de cerca de seis
milhões de euros para o
município e as obras de
adaptação para uma unidade hoteleira não foram
concluídas.
A solução poderá passar
por concessionar o imóvel, por 50 anos, a um fundo de investimento, que
o recupere e explore uma
atividade económica.
“Essa é a mais provável”,
avançou Santana Lopes. A
outra hipótese é coloca-lo
no mercado e ser vendido.
“Não sei se vale a pena
fazer novamente esse esforço [de investimento
pela autarquia]. Mais vale
concentramo-nos noutro
objetivo”, defendeu.
“Não
excluo a hipótese da alienação”, acrescentou.
O
paço está fechado há vários anos e em avançado
estado de degradação.»