«Os pescadores da sardinha e armadores da Figueira sentem revolta pelas condicionantes impostas a Portugal pela União Europeia, permitindo que este ano, apenas pesquem 12 mil toneladas, quando a quantidade de biomassa actualmente existente ultrapassa as maiores expectativas. Num estudo efectuado, já este ano, pelo Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO) e pelo Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), constatou-se que, só entre o Golfo de Cádis e Viana, havia 385 mil toneladas de biomassa. A comunidade não compreende como é que, em 2014 por exemplo, com 177 mil toneladas de biomassa podiam pescar 55 mil toneladas e em 2020, com 385 mil, apenas lhes é permitido cerca de 12 mil.»
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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