"Falo de prioridades e no caso o seu apurado estudo assume-se como incontornável. Só o estabelecimento de rigorosas políticas públicas minorando as dificuldades já vividas e que o serão de modo ainda mais trágico por tantas famílias, pode ajudar a resolver a crise iminente. Esta é a prioridade. Mas volta e meia, surge a questão do Edifício O Trabalho. Perguntam o que fazer daquele mamarracho sem préstimo. Até porque já ninguém, nomeadamente os vizinhos, aguenta aquela desgraçada “visão”. Quem nasce torto tarde ou nunca se endireita e este mastodonte não tem qualquer hipótese de viabilização. É uma das “peças” com que a cidade foi sendo brindada, num caminho ínvio de descaracterização do espaço urbano. Lembro as “rolhas” colocadas “estrategicamente”a tapar a vista à Bernardo Lopes, obra de responsabilidade central, e mais a implantação de prédios execráveis e a destruição de vitais manchas verdes. Em cada caso há responsáveis, lembremos! Aventa-se a implosão mas segundo especialistas não será possível. Era precisa uma forte carga de explosivos que abalaria os alicerces do frágil bairro antigo. Recuperar é impensável: na construção do monstro foram utilizadas areias salgadas e o prédio está irremediavelmente cheio de humidade. Acresce o facto da empreitada das fundações ter ferido linhas de água, agora sugadas pela estrutura. Se não oferece mesmo perigo, deixem estar que coisas bem importantes há para fazer, mas opiniões apontam para risco de ruína. Se assim é, o LNEC terá de opinar, e aquilo ser destruído à marretada. Vidas em risco não! E após? Linda seria a ressurreição do Parque Cine, que saudades deixou. Uma ideia de que gosto por nova na cidade: um jardim de Inverno, espaço coberto de lazer, convívio e contacto com a Natureza, voltado para as famílias e não para a “ganhuça” de empreendedores, a cobrar para se espreitarem os miosótis e as joaninhas. Impossível? Nada é impossível, quando alguém se põe a pensar."
Via Diário as Beiras
Via Diário as Beiras