"O que impressiona mais no Mosteiro de Santa Maria de Seiça é a diversidade histórica que se esconde por detrás da imponente fachada. De forma inverosímil acabou a sua vida útil como fábrica de descasque de arroz, após ter sido vendido a privados em 1911. A data exata da fundação é desconhecida mas há referências a este lugar desde 1162. Nessa época foram erguidas casas conventuais nos territórios reconquistadas aos Mouros. A partir desta altura Seiça passou a albergar uma comunidade de monges brancos assim conhecidos devido à cor do seu hábito. Na Idade Média, o Mosteiro de Seiça foi suprimido devido aos desentendimentos com a casa-mãe de Alcobaça. Contudo, resistiu e em 1572 funcionou como centro de estudos filosófi cos, e em 1772 a igreja atual foi construída após a demolição da igreja medieval aí existente. A decadência chegou no sec. XIX e a capela-mor foi-se degradando acabando por ruir. Em 1871 a Junta de Paróquia deliberou a demolição da sacristia do lado sul tendo utilizado uma pedra gigante existente no Mosteiro para tapar o cemitério e o adro da Igreja do Paião. Quase 50 anos depois a construção do caminho-de-ferro da Linha do Oeste obrigou à demolição de mais estruturas. Hoje o edifício é propriedade da Câmara Municipal e classificado como Monumento Nacional desde 2019. O que fazer agora? Associar três vertentes distintas: a histórica, narrando de forma inovadora as “estórias”, lendas e os seus personagens (como se fez no Museu POROS, em Condeixa); a natural, mantendo as árvores, arbustos e parte da natureza que se mistura com o próprio edifício e que lhe dá uma beleza única, ligando-o assim à evolução do património biológico e até às alterações climáticas; por último, a vertente social, estabelecendo na ruína estruturas que permitam a sua vivência ativa e quotidiana, capitalizando a sua beleza natural e da envolvente."
Via Diário as Beiras
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